O bullying nos esportes escolares é um fenômeno preocupante que afeta não apenas o desempenho atlético dos estudantes, mas também seu bem-estar emocional e social. Para entender e abordar efetivamente esse problema, é crucial explorar suas causas, impactos e estratégias de prevenção.
Também chamado de intimidação sistemática, é considerado bullying “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”, conforme definido pela Lei nº 13.185/2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying).
Está disponível no site do MEC formas de combater a atos de intimidações: <https://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/34487#:~:te>, com o título: "Especialistas indicam formas de combate a atos de intimidação" e tem mais informações sobre de combater o bullying na escola. Abaixo está uma citação sobre os como os casos de bullying interferem no comportamento da vítima:
“Os casos de bullying começam muito mais silenciosos e, por isso, são mais graves. Quem sofre a agressão não conta nem na escola nem na família, mas começa a mudar o comportamento”, explica a professora de psicologia Ciomara Shcneider. De acordo com ela, queda no rendimento escolar, faltas na escola e mudanças no comportamento são os sinais mais frequentes apresentados por quem sofre esse tipo de violência. Por isso, família e escola devem estar sempre atentos para os sinais que são apresentados pelos jovens.
Segundo Sixto González, professor da Universidade de Castilla-La Mancha, o ambiente onde as aulas acontecem pode contribuir para o bullying. “A quadra ou pátio, espaços abertos, deixam as diferenças muito evidentes na Educação Física. O mais gordo, o mais baixo, o mais desajeitado…”, explica ele. Rosario Ortega, professora da Universidade de Córdoba, compartilha dessa visão. “Na Educação Física, os alunos fazem atividades em que o corpo importa o tempo todo. Eles se expõem, e a competitividade esportiva aparece na divisão entre alunos bons e alunos ruins.” Além disso, os pesquisadores também apontam que a quadra é naturalmente um espaço menos controlado do que a sala de aula, já que os alunos estão mais espalhados e em movimento.
Os alvos do bullying nas aulas de Educação Física
Os especialistas apontam as inseguranças mais comuns, que costumam ser alvo de bullying. No primeiro lugar, está a insatisfação com o próprio corpo. Em seguida, eles destacam a diferença de competência física e técnica entre os alunos – como, por exemplo, crianças e adolescentes sendo sempre as últimas a serem escolhidas para os times. O sobrepeso e a obesidade também são alvos frequentes de bullying. É importante lembrar que, quanto mais negativa for a experiência dos jovens na Educação Física, maior é a tendência de se tornarem adultos sedentários.
Causas e Impactos do Bullying nos Esportes Escolares
A preocupação com o fenômeno do Bullying e a violência nas escolas fez com que o termo bullying fosse incluído também na Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015. Nesse estudo, 7,4% dos estudantes informaram que já se sentiram ofendidos ou humilhados e 19,8% declararam que já praticaram alguma situação de intimidação, deboche ou ofensa contra algum de seus colegas.
Implementar programas de educação sobre bullying e desenvolvimento de habilidades socioemocionais pode ajudar os estudantes a reconhecer, prevenir e responder ao bullying de maneira eficaz. Ao promover uma cultura de respeito mútuo e empatia, as escolas podem criar um ambiente mais seguro e inclusivo para os atletas.
Capacitar os líderes de equipe e treinadores para promover um ambiente de colaboração e apoio mútuo pode ser fundamental na prevenção do bullying. Incentivar a liderança positiva e o trabalho em equipe pode reduzir as dinâmicas de poder negativas que alimentam o bullying nos esportes escolares.
Violência Escolar: Como combater?
O bullying se apresenta como um grande desafio para a comunidade escolar, já que algumas ações podem não abranger significativamente as causas dessas práticas e algumas atitudes podem ocultar micro agressões que posteriormente tendem a principiar em agressões. No entanto, uma alternativa para combater o bullying é a discussão e o intento de desenvolver a cultura de paz nas escolas.
Essa alternativa já é objeto de dispositivos legislativos e de discussões por parte de organizações pelo mundo inteiro. No Brasil, por exemplo, foi publicada a Lei nº 13.663, em 2018, que incentiva a promoção de medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas, além de a busca por estabelecer ações destinadas a promover a pacificação nesses espaços.
A Organização das Nações Unidas (ONU) traz a cultura de paz como uma proposta para se trabalhar o conflito de forma a possibilitar o diálogo, valorizando a diversidade e os direitos humanos, para a superação das iniquidades que potencializaram, ao longo da história da humanidade, as violências e desigualdades. Gerar essa possibilidade faz com que governos, organizações internacionais e a sociedade civil possam promover uma cultura de paz por meio de um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilo de vida baseados no respeito à vida, resolução pacífica de conflitos, redução de desigualdade entre as nações e populações, promoção da democracia, do desenvolvimento dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e ao seu cumprimento, sempre reconhecendo a educação como um dos meios fundamentais para sua construção, visto que o conhecimento é um bem que nunca diminui, é sempre crescente.
Algumas dicas podem nortear algumas de nossas ações, como:
• Inserir o enfrentamento do bullying e a valorização da diversidade durante o ano escolar, para que as reflexões possam acontecer não apenas em períodos, aulas ou atividades específicas;
• Campanhas e/ou práticas solidárias, como, por exemplo, campanhas do agasalho ou arrecadação de alimentos, de forma a engajar a comunidade escolar a solidarizar-se com o próximo;
• Promoção de atividades colaborativas, com o intuito de desenvolver competências e valores que auxiliem os estudantes a respeitar os diversos saberes e momentos das turmas, criando um senso de pertencimento à comunidade;
• Diálogos com a direção escolar de forma a criar um espaço como uma sala de imersão para fazer o bem, que fomente o compartilhamento de experiências, fortalecendo experiências exitosas e positivas para resolução de problemas;
• Incentivar a criação de redes de apoio para pessoas vítimas de violência;
• Implementação da psicologia escolar como forma de fortalecer a rede de apoio e a comunidade escolar para a consolidação de uma cultura de paz (Texto extraído e adaptado de: https://www.unicef.org/brazil/blog/bullying-e-violencia-escolar).
Estatísticas
De acordo com um relatório da UNESCO, cerca de 32% dos estudantes em todo o mundo já sofreram bullying. Nos Estados Unidos, o National Center for Education Statistics relata que aproximadamente 20% dos alunos relatam sofrer bullying.
Na Europa, uma pesquisa da Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia constatou que aproximadamente 22% dos alunos sofreram bullying durante o último ano letivo.
Na América Latina, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, 30% dos alunos já sofreram bullying.
Na Ásia, uma pesquisa da UNESCO em 12 países asiáticos constatou que 38% dos alunos relataram ter sofrido bullying.
Como saber se seu amigo (a) está sofrendo bullying?
• Ele não quer ir à escola e dá várias desculpas para faltar.
• Apresenta sinais de violência física, como hematomas ou feridas.
• Perda de objetos pessoais, pois uma das formas de assédio é o furto de pertences como material escolar, roupas, brinquedos entre outros.
• Você tem mudanças de humor e comportamento. (Texto extraído e adaptado de: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000368092)
Quais medidas podem ser adotadas pelos estudantes e pela professora para combater o bullying na aula de Educação Física?
Quais são as respostas do setor da Educação no enfrentamento da violência e do bullying na escola?
GOIÁS, Secretaria de Estado da Educação. Apostila Goiás Tec 3º bimestre: Educação Física. 2025. p. 16 a 18
Bullying na Educação Física: você está de olho. Disponível em: <https://impulsiona.org.br/bullying-educacao-fisica/>. Acessado em 16/07/2025.