sexta-feira, 4 de outubro de 2024

FUTEBOL DE 5 OU FUTEBOL PARA CEGOS?

O futebol de 5 brasileiro
Introdução

O futebol para deficientes visuais, também conhecido como futebol para cegos ou futebol de 5, é uma adaptação do futebol para atletas com deficiências visuais. O desporto é governado pela Federação Internacional dos Desportos para Cegos (IBSA – sigla em Inglês) e é jogado com regras da Federação Internacional de Futebol (FIFA) modificadas. O futebol de cinco é uma expressão do futebol convencional modificado a fim de tornar esse esporte hábil a prática de pessoas com deficiência visual e cegas. O futebol de 5 começou como uma brincadeira de reabilitação no recreio para crianças em escolas especiais com deficiência visual e hoje faz parte das modalidades presentes nos Jogos Paralímpico. No Brasil, o futebol é gerido pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais – CBDV.

História

O futebol para cegos teve seu início em instituições e escolas especializadas ao atendimento de pessoas com deficiência visual como forma de recreação, passa tempo e de reabilitação na década de 1920, na Espanha. Na mesma época, o Brasil iniciava a prática do futebol para cegos com latas e garrafas nas mesmas instituições especializadas. Os primeiros institutos a praticar o futebol de cinco foram o Instituto Santa Luzia, em Porto Alegre; o Instituto Padre Chico, em São Paulo; o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro; e o Instituto São Rafael, em Belo Horizonte. O processo fez parte da generalização do futsal nos dois países, devido ao fato de salões/quadra e academias se revelaram espaços muito mais adequados para evitar a desorientação comparado ao campo de futebol. Outros países com prática precoce de futebol para cegos foram a Colômbia, desde a década de 1970, e a Argentina, desde os anos 1980.

De acordo com Itani (2005, p. 8) “a prática do futebol pela população deficiente visual do Brasil (…)” possivelmente “eram estimuladas durante as aulas de educação física, e jogado durante os intervalos dos institutos e das escolas”. O que confirma essa possibilidade são relatos de fala dos entrevistados da autora Itani, para o trabalho de pesquisa para o término do curso de Educação Física em 2005. Em alguns casos o início desta prática deu-se devido à convivência com crianças não deficientes de uma maneira mais lúdica, fora do ambiente formal, como a hora do recreio.

A bola principal instrumento de orientação e de atenção no futebol de cegos teve suas adaptações ao longo do tempo, até chegar na bola oficial com guizo que conhecemos hoje. No início, procurava-se material que fosse usado como uma “bola” que fazia barulho, como por exemplo, as latas, recipientes cheios de guizos, garrafas plásticas com pedras dentro ou latas de betume — como já era praticado na Colômbia nos anos 1970.

No Brasil, descobriram que uma bola de futebol envolta em plástico produzia um ruído de guia, da mesma forma que na Argentina crachás de refrigerante eram colados na superfície de uma bola na década de 1980. No final da década de 1970, há registros de que o professor João Ferreira utilizava em Pernambuco uma bola de couro com sinos dentro, inventada por ele mesmo e construída por um artesão local. Essa bola seria oficialmente adotada na década de 1990.

O início do processo de esportivização do futebol de 5 ocorreu em 1978, com a primeira competição nacional entre as Associações de Pais e Amigos Excepcionais (APAE’s), realizada na cidade de Natal, Brasil. Pouco tempo depois, em 1984, também no Brasil, foi realizado o primeiro campeonato nacional de futebol para cegos em São Paulo com o nome de Copa Brasil de Futebol de 5. Dois anos depois, a Espanha realizou seu 1º Campeonato Espanhol de Futsal, categoria B1. Entre 1988 e 1995, foram realizados alguns torneios internacionais exclusivos do futsal para cegos, na Espanha, Argentina e no Brasil, com a participação dos primeiros selecionados desses três países e da Colômbia. A aproximação entre jogadores e dirigentes desses países levou à unificação das regras e a criação da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBAS) para trabalhar as Leis do jogo apropriadas para este esporte.

Associação de Pais e Amigos Excepcionais - logo 

Na ocasião, reuniu-se durante a celebração de diversos torneios amistosos na Europa, com representantes de Portugal, Inglaterra, Itália, França e Grécia, com os quais acordou algumas prováveis Leis do Jogo, onde cada país contribuiu com alguns regulamentos, e renunciou a outros, em benefício de um acordo internacional. Este acordo surgiu em setembro de 1996 na cidade de São Paulo (Brasil), quando Carlos Alberto Campos se reuniu com o brasileiro Ramón Souza (ABDC) e o argentino Enrique Nardone (FADEC), representantes do Brasil, da Argentina e membros do IBAS, com quem consolidou e definiu o Regulamento do Futsal para Cegos. Uma obra de grande importância, muito importante para o esporte, e um pontapé inicial histórico para o sucesso na oficialização do futebol de 5.

Segundo Itani (2005, p. 23) os países que mais contribuíram para a evolução do futebol de 5 foram o Brasil e a Espanha, com um papel fundamental no desenvolvimento desta modalidade como um todo e na consolidação do futebol de 5 nos seus países. O ápice do desporto adaptado veio com a inclusão do Futebol de 5 nos Jogos Paralímpicos em Athenas, no ano de 2004 (ITANI, 2005, p. 23).

O IPC, juntamente com a IBSA e a FIFA, reestruturaram as regras do futebol para cegos em 2004 para os Jogos de Athenas. Essa reestruturação trouxe consigo a alteração da nomenclatura desta modalidade, oficializando a partir desta data o nome de FUTEBOL DE CINCO (IPC, 2004, IBSA, 2004). Acreditamos que essa alteração da terminologia foi para diferenciar essa manifestação de futebol das demais, e também para retirar da palavra - cego e/ou deficiente visual - a presença de estigmas e/ou preconceitos ao cita-lo (ITANI, 2005, p. 23)”.

Como funciona?

O esporte futebol de cinco é praticado em uma quadra com as mesmas dimensões da quadra de futsal: 18 a 22 metros x 38 a 42 metros, o piso pode ser de cimento, madeira, borracha sintética, grama natural ou sintética, deve ser plano, liso e não abrasivo. O objetivo é fazer o gol na meta adversária invadindo o campo adversário e protegendo a própria meta. As linhas laterais da quadra são substituídas por bandas laterais que são barreiras ao longo de sua extensão e mais 1 metro além de ambas as linhas de meta/gol. Essas bandas medem de 1 metro a 1,20 metros de altura para a proteção dos jogadores. A área do goleiro foi reduzida para uma área retangular de 5,16 metros x 2metros, se o goleiro atuar fora dessa delimitação, seja com os pés ou com as mãos, ocasiona o pênalti para equipe adversária. A marca do duplo pênalti é de 8 metros de distância do ponto médio da linha entre as traves.

Quadra para Futebol de 5

Entenda como é a disputa do futebol de 5 nas paralimpíadas 

A bola possui um sistema de som interno (guizos), necessário para a orientação dos jogadores dentro de quadra. Daí a necessidade do silêncio durante o andamento da partida. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde a bola está e de onde ela está vindo e podem conduzi-la. A torcida só pode se manifestar na hora do gol.

Futebol de cego - Colégio João XXIII

Cada time é formado por cinco jogadores – um goleiro e quatro na linha. O goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos. O jogo é dividido em dois tempos de 15 minutos, com 10 minutos de intervalo, nos Jogos Paralímpicos.

Como funciona uma partida de futebol de cegos?

Os jogadores usam uma venda nos olhos e, se tocá-la, cometerão uma falta. Com cinco infrações, o atleta é expulso de campo e pode ser substituído por outro jogador. Há, ainda, um guia (chamador) que fica atrás do gol adversário para orientar os atletas do seu time. Ele diz onde os jogadores devem se posicionar em campo e para onde devem chutar. O técnico e o goleiro também auxiliam em quadra.

Os jogadores são obrigados a falar a palavra espanhola “voy”, “go” ou “vou”, em português, ou outra palavra similar, para sinalizar ao atacante sua presença e sempre que se deslocarem em direção a bola, na tentativa de se evitar choques. Quando o juiz não ouvir ou o jogador não falar, ele marca falta contra a equipe e falta pessoal. Os fundamentos são os mesmos do futsal, porém desenvolvidos e adaptados às condições do jogador, por exemplo, para conduzir a bola eles usam a parte interna dos pés mantendo a bola sempre em contato com essa parte do corpo, tocando a bola de um lado para outro na face medial dos pés durante a corrida.

Regras básicas para entender o futebol - tudo sobre o esporte nacional

Os jogadores desse esporte são classificados em uma de três classes, de acordo com o seu nível de deficiência visual, com a sigla B (Blind, cego em inglês). Nos Jogos Paralímpicos, porém, competem apenas os da classe B1. Vamos conhecer as três classes:

B1 – Atletas totais ou quase totalmente cegos; desde a não percepção da luz até à percepção da luz mas com a impossibilidade de reconhecer a forma de uma mão.

B2 – Atletas com visão parcial, com percepção de vultos.

B3 – Atletas com visão parcial, que conseguem definir imagens

Educação Física e a cultura corporal: futebol de 5 
(https://educadorfisicolhp.blogspot.com/2018/05/futebol-de-5.html)

A Seleção Brasileira possui cinco títulos nos Jogos Paralímpicos: em Athenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020, e uma medalha de bronze em Paris (2024). Em todas as edições dos Jogos Paralímpicos o Brasil esteve no pódio, confirmando a hegemonia no futebol de 5. Além dos títulos, a equipe verde e amarela foi a primeira a marcar um gol em Jogos Paralímpicos. O autor do feito foi o atleta Nilson Silva, falecido em 2012. Destacam-se no esporte futebol de 5 os atletas: Mizael Conrado de Oliveira com 8 títulos e eleito melhor jogador do mundo pela IBSA em 1998; João Batista da Silva com 14 títulos; Ricardo Alves Steinmetz (Ricardinho) com 10 títulos e eleito melhor jogador do mundo pela IBSA em 2006 e Jefferson da Conceição Gonçalves (Jefinho) com 9 títulos e eleito melhor jogador do mundo pela IBSA em 2010.

Entenda como é a disputa do futebol de 5 nas Paralimpíadas


Jefinho (Pivô)  com 9 títulos e eleito melhor jogador do mundo pela IBSA em 2010
(https://www.dialethoseventos.com.br/palestrante/1555/jefinho)

Conclusão

A modalidade esportiva que teve a sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos em 2004 e deixou muitas expectativas aos atletas, e a todos que a acompanham. Aqueles que veem a possibilidade de um dia compor a seleção brasileira, e aos que simplesmente torcem e trabalham de outras maneiras para que esta modalidade se desenvolva cada vez mais no Brasil e no Mundo. Ainda falta o reconhecimento e o respeito para com os atletas cegos como jogador de futebol e a pouca visibilidade da mídia (divulgação em massa) para com a modalidade. Podemos organizar algumas perspetivas para a modalidade como o crescimento quantitativo e qualitativo de atletas de futebol; mais campeonatos – Liga televisionados; uma inclusão e renovação por meio de eventos escolares; maior reconhecimento dos jogadores como profissionais do futebol; maior apoio midiático; aumento de profissionais capacitados; vínculo estreito ESPORTE+UNIVERSIDADE; investimento do setor público e privado no esporte adaptado; melhorias na organização dos eventos e políticas públicas; melhorias para o movimento de cegos no Brasil; benefícios aos deficientes em geral – melhores condições de cidadania.

Referencial bibliográfico:

ITANI, Daniela Eiko. Futebol de cinco: um esporte possível para cegos. 2005. Monografia (Graduação em Educação Física). Faculdade de Educação Física na Modalidade Bacharel em Treinamento em Esporte. Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2005. 101 p.

Futebol de cinco. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol_de_cinco>. Acessado em 04 de outubro de 2024.

Futebol de cegos. Disponível em: <https://cpb.org.br/modalidades/futebol-de-cegos/>. Acessado em 04 de outubro de 2024.

Futebol 5. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/nehmeparalimpico/catalogo-esportes/esportes-paralimpicos/futebol-5-2/>. Acessado em 04 de outubro de 2024.


sábado, 21 de setembro de 2024

Os Jogos Paralímpicos e a participação do Brasil

    

Natação Paralímpica  do Brasil tem 4,5 milhões de orçamento para 2024. 
(https://swimchannel.net/br/natacao-paralimpica-do-brasil-tem-45-milhoes-de-orcamento-para-2024/). 

Ao longo da história, os indivíduos com necessidades especiais foram vistos como doentes e/ou incapazes, e sempre estiveram em situação de desvantagem, ocupando, no imaginário coletivo, a posição de alvo da caridade popular e da assistência social, e não a de sujeitos de direitos sociais, entre os quais se inclui o direito à educação, à saúde, a educação física e aos esportes. Dessa forma, o esporte cumpre um papel importante na reabilitação e inclusão social de pessoas com deficiência, desmistificando os preconceitos e combatendo as discriminações.

O Esporte Adaptado para pessoas com deficiência (paradesporto) surge no início do século XX, de forma muito tímida para reabilitar as pessoas com algum tipo de deficiência. O início foi com as modalidades coletivas para jovens portadores de deficiências auditivas, depois foi incluído atividades como natação e atletismo para os jovens com a deficiência visual e, por fim, para as pessoas portadoras de deficiências físicas se deu ao após a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados voltaram para os seus países de origem com vários tipos de mutilações e outras deficiências físicas.

Um exemplo, foi o trabalho do neurocirurgião alemão Guttman (que fugiu da Alemanha durante o governo nazista), na Unidade de Lesões do Hospital de Stoke Mandeville, em Londres, na Inglaterra, cuidando de ex-combatentes com lesão medular, que recém haviam retornado da guerra. Guttman passou a usar o esporte competitivo como parte do processo de reabilitação e inclusão social dos seus pacientes. Inclusive, os primeiros jogos de forma competitiva foi realizado no próprio Hospital de Stoke Mandeville, no continente europeu, ocorrendo no mesmo dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. O que levou a ser considerado os primeiros jogos paralímpicos, pois esses jogos estavam sendo equivalente aos Jogos Olímpicos e se perpetuou ano após anos, até os anos de 1960.

Em 1960 ficou definido que a edição dos Stoke Mandeville Games seria levada para a cidade de Roma, na Itália, que sediava os Jogos Olímpicos. Essa foi considerada a primeira edição dos Jogos Paralímpicos da história, realizada com a presença de 400 atletas de 23 países. Somente a partir de 1964, em Tóquio, que esse evento esportivo passou a ser conhecido como Jogos Paralímpicos. As Paralimpíadas se tornou um megaevento esportivo realizado a cada quatro anos para pessoas com deficiências. Inclui modalidades que permitem atletas com diversos tipos de deficiência competirem, como as deficiências motoras, amputados, cegos, além de pessoas que sofreram paralisia cerebral e que possuem alguma deficiência mental. As competições e os ranqueamentos do paratletas profissionais são de responsabilidade do Comitê Paralímpico Internacional em parceria com o Comitê Olímpico Internacional. Essa parceria definiu, por exemplo, que a mesma sede escolhida para os Jogos Olímpicos seria a dos Jogos Paralímpicos. Além disso, as sedes devem planejar sua estrutura de forma a receber tanto os atletas olímpicos quanto os paralímpicos.

Entre os anos de 1968 e 1984, as edições dos Jogos Paralímpicos foram realizadas em sedes diferentes das dos Jogos Olímpicos porque as sedes olímpicas não demonstraram interesse em adaptar sua estrutura para receber os atletas paralímpicos. Somente a partir de 1988 que se oficializou que os Jogos Paralímpicos seriam realizados na mesma cidade-sede dos Jogos Olímpicos. O evento sediado em Seul, na Austrália, até hoje é considerado um marco nos esportes paralímpicos, pois permitiu que os atletas paralímpicos utilizassem a mesma estrutura dos atletas olímpicos. A cada nova edição passaram a incluir diferentes deficiências, dando oportunidades a novos atletas, de todas as noções.

Na edição de Paris, na França, os Jogos Paralímpicos, foram realizados na data do dia 28 de agosto a 8 de setembro, e contou com 22 modalidades e 04 mil paratletas de todo o mundo. Sendo o Goalball a única modalidade desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência e se destina a pessoa com baixa ou nenhuma visão. Foi inventado em 1946 pelo alemão Sepp Reindle e pelo austríaco Hans Lorenzen para a reabilitação de veteranos da Segunda Guerra Mundial que acabaram perdendo a visão durante o conflito, o goalboll é um esporte baseado nas percepções tátil e auditiva. O grande objetivo é fazer gols no adversário e defender sua baliza. São jogos que tem a orientação por guizos no interior da bola e os espectadores devem fazer silêncio absoluto durante os jogos, com 3 jogadores que não vê ou tem baixa visual, nas seguintes posições: ala direita, ala esquerda e pivô. O espaço físico do goalball é a medida da quadra de voleibol e o gol mede 9 metros de comprimento e 1,5 metro de altura. 


Goalball - modalidade exclusivo para pessoas com deficiência visual.

As outras modalidades paralímpicas da edição de Paris são:

- Atletismo paralímpico

- Badminton paralímpico

- Basquete em cadeira de rodas

- Bocha*

- Canoagem paralímpica

- Ciclismo de estrada paralímpico

- Ciclismo de pista paralímpico

- Esgrima em cadeira de rodas

- Futebol de cegos

- Halterofilismo paralímpico

- Hipismo paralímpico

- Natação paralímpica

- Remo paralímpico

- Rugby em cadeira de rodas

- Taekwondo paralímpico

- Tênis de mesa paralímpico

- Tênis em cadeira de rodas

- Tiro com arco paralímpico

- Tiro esportivo paralímpico

- Triatlo paralímpico

- Vôlei sentado

- Judô paralímpico

* Foi a primeira medalha do Brasil nas Paralimpíadas em 1976.

No Brasil, o esporte adaptado surgiu em 1958 com a fundação de dois clubes esportivos (um no Rio e outro em São Paulo). A primeira participação do Brasil em Jogos Paralímpicos só aconteceu na edição de 1972. A primeira medalha do Brasil nas Paralimpíadas só foi obtida na edição de 1976, ficando em 31º lugar na competição. A medalha de prata foi conquistada pela dupla Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio, que competiram na modalidade “lawn bowls”, atualmente conhecida como “bocha”, anteriormente praticada na grama. A bocha é outro esporte do quadro dos Jogos que não possuem um semelhante nas Olimpíadas. O objetivo do esporte é lançar bolas coloridas o mais próximo possível da bola branca (chamada de jack ou bolim). Os atletas podem lançar as bolas usando as mãos, pés ou um instrumento de auxílio (como calhas), e também podem contar com ajudantes, conhecidos como calheiros.

Atletas de bocha conquistam vagas para o Campeonato Brasileiro 
(https://www.gov.br/esporte/pt-br/noticias-e-conteudos/esporte/atletas-da-bocha-paralimpica-conquistam-vagas-para-o-campeonato-brasileiro)

A partir da década de 1980, o Brasil começou a ter um desenvolvimento expressivo nos esportes paralímpicos, e, em 1995, surgiu o Comitê Paralímpico Brasileiro. No total, o Brasil obteve 373 medalhas em todas as edições das Paralimpíadas. Atletismo é o esporte que mais garantiu medalhas ao Brasil na história das Paralimpíadas. Daniel Dias, da Natação, é considerado o maior atleta paralímpico da história do Brasil. Ao longo da sua carreira, o nadador ganhou 27 medalhas, sendo 14 de ouro, sete de prata e seis de bronze. Atualmente, o Brasil é considerado uma das maiores potências dos esportes paralímpicos, obtendo resultados expressivos nas últimas edições dos jogos. Veja um resumo da participação brasileira nos quadros de medalhas nas últimas edições:


Ano

Posição

Ouro

Prata

Bronze

Total

Paris 2024*

25

26

38

89

Tóquio 2020

22

20

30

72

Rio de Janeiro 2016

14

29

29

72

Londres 2012

21

14

8

43

Pequim 2008

16

14

17

47

Atenas 2004

14º

14

12

7

33

* Para mais informações acessar o site: <https://olympics.com/pt/noticias/jogos-paralimpicos-paris-2024-todas-medalhas-brasil>, o canal oficial do COI e CPI


O Brasil foi representado na edição de Paris por 280 atletas, sendo 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (sendo 18 do atletismo e 1 do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo. Os brasileiros disputam 20 das 22 modalidades dos jogos deste ano, as únicas exceções são no basquete e no rúgbi em cadeira de rodas. Foi a maior delegação da história do Brasil em Jogos Paralímpicos. Essa também foi a delegação brasileira com maior participação feminina em uma edição de Jogos Paralímpicos, com 117 competidoras. O recorde de atletas até então tinha sido nos Jogos do Rio 2016, quando o Brasil teve 278 atletas disputando todas as 22 modalidades. O Atletismo foi o esporte com maior número de paratletas nessa edição. Ao todo, serão 70 atletas e 16 atletas-guia. A natação foi em segundo lugar, com 37 representantes. O vôlei sentado ocupa o terceiro posto, com 24 nomes. 

Em Paris 2024, Brasil terá maior delegação para Jogos Paralímpicos fora do país (https://cpb.org.br/noticias/em-paris-2024-brasil-tera-maior-delegacao-para-jogos-paralimpicos-fora-do-pais/)


Confira abaixo alguns paratletas que foram às Paralimpíadas de Paris 2024 e seus respectivos esportes:

- Bruna Alexandre: tênis de mesa paralímpico e também participou da edição Olímpicas de Paris 2024, a única atleta até os dias de hoje a participar dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no mesmo ano.
Bruna Alexandre mesatênista paralimpíca e olímpica. 
(https://leiamaisba.com.br/2019/10/28/tenis-de-mesa-bruna-alexandre-ouro-no-circuito-aberto-da-china#google_vignette)

- Maria de Fátima: halterofilismo

- Elielton Lira: judô

- Carol Santiago: natação

- Gabriel Araújo: natação

- Douglas Matera: natação

- Jeferson da Conceição: Futebol de 5

As Paralimpíadas de Paris 2024 têm importância para unir o esporte e a deficiência e ampliar as oportunidades profissionais para os paratletas de todo o mundo. Além disso, os Jogos Paralímpicos focam em aumentar a diversidade e provocar mudanças sociais. Outra importância de conhecer, acompanhar e praticar o paradesporto está no sentido da sensibilidade, empatia, inclusão e cidadania de todos e todas, reconhecendo que a PcD também tem direito de participam da sociedade de forma produtiva, não são incapazes ou doentes, que também tem sentimentos e vontade de viver a vida, consomem, trabalham, namoram, tem família. O esporte é uma ferramenta de inclusão, reabilitação, readaptação e ressocialização para as pessoas com deficiência. Mesmo o Brasil sendo uma potência mundial nos Jogos, evoluindo na participação e nas medalhas a cada edição dos jogos, ainda somos um país que trata mal as pessoas com deficiência, por causa da falta de informação e do grande preconceito, associado a falta de condições específicas para a sua prática a todos os portadores de deficiência.

Referência bibliográfica:

Cobertura dos Jogos Paralimpicos na TV deixou a desejar. Disponível em: <https://vejario.abril.com.br/coluna/otavio-furtado/cobertura-dos-jogos-paralimpicos-na-tv-deixou-a-desejar/#google_vignette>. Acessado em 21/09/201.

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira de. in: educação física e inclusão. Para ensinar Educação Física: possibilidades de intervenção na escola. Papirus Editora, Capítulo 17, 2014. p. 247 a 261.

Esportes Paraolímpicos. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28011>. Acessado em 13 de abril de 2022.

Paralimpíadas de Paris 2024. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/paralimpiadas-de-paris-2024.htm>. Acessado em 21/09/2024.

Conheça a história da primeira medalha paralímpica do Brasil. Disponível em: <https://midianinja.org/conheca-a-historia-da-primeira-medalha-paralimpica-do-brasil/>. Acessado em 21/09/2024.
Paralimpíadas. Disponível em: <
https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/jogos-paraolimpicos.htm>. Acessado em 21/09/2024.

Brasil iguala melhor colocação nas Paralimpíadas; veja todas as 72 medalhas. Disponível em <https://www.uol.com.br/esporte/olimpiadas/ultimas-noticias/2021/09/05/brasil-paralimpiadas-2020-veja-todas-as-medalhas.htm>. Acessado em 21/09/2024.

Brasil terá delegação recorde na Paralimpíada de Paris 2024, com 280 atletas. Disponível em: <https://esportes.r7.com/olimpiadas/brasil-tera-delegacao-recorde-na-paralimpiada-de-paris-2024-com-280-atletas-29082024/>. Acessado em 21/09/2024.

Medalhistas paralímpicos do futebol de 5. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Medalhistas_paral%C3%Admpicos_do_futebol_de_5>. Acessado em 21/09/2024.

Goalboll: história, o que é, curiosidades, regras e mais. https://ge.globo.com/paralimpiadas/guia/2024/08/28/c-goalball-historia-o-que-e-curiosidades-regras-e-mais.ghtml. Acessado em 21/09/2024.

Futebol de 5 – Dribles, passes e gols: tudo sem enxergar! Disponível no youtube: <https://www.youtube.com/watch?list=PLIznM60J0iewnK2pf4mlyAMVth_OO56F2&time_continue=7&v=rp4ISUUHAU> . Acesso em 9 de junho de 2018.

Conheça a modalidade paraolímpica do goalball. Disponível no youtube: <https://youtu.be/UinvTFoRpP8?feature=shared>. Acessado em 9 de setembro de 2023.



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