Fernanda
Bassette e Gabriela Cupani
Pelos
critérios da OMS, menos da metade dos adolescentes brasileiros podem
ser considerados ativos do ponto de vista físico. Quase 1/3 deles
estão acima do peso. As causas apontadas para a inatividade vão do
hábito de ficar em frente a TV, ao computador e celular, a falta de
segurança para brincar na rua, a questão de gênero, baixa
influência positiva em casa ou da mídia, desvalorização das
práticas corporais na escola, entre outros.
O
dado é de um estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS) que
avaliou 4.325 adolescentes entre 12 a 15 anos. Só 48% praticam os
300 minutos de atividade física semanal recomendado pela OMS, cerca
de 01 hora por dia. E os meninos são duas vezes mais ativos do que
as meninas. Os resultados podem ser semelhante para outros países,
em uma pesquisa feita pela OMS, em 34 países, mostra que só 24% dos
meninos e 15% das meninas preenchem os critérios mínimos
recomendados.
Para
chegar à conclusão, os pesquisadores brasileiros avaliam a prática
de atividade física de lazer (como futebol, ciclismo, skate, etc) e
atividade física de deslocamento e diária, que considera se o
adolescente costuma ir à escola a pé ou de bicicleta ou subir
escada ou limpar e varrer a casa, hábitos somados as práticas de
atividade física, indica uma vida ativa ou não.
Segundo
o educador físico, Samuel Dumith, autor do estudo, as aulas de
educação física não foram consideradas porque elas não são
feitas nem em quantidade nem em qualidade necessária para promover
benefícios à saúde. “Os adolescentes não levam a educação
físicas a sério e fazem os exercícios sem intensidade e
regularidade indicada”.
A
pesquisa mostra que 75% dos adolescentes fazem alguma atividade de
lazer e que 73% deles caminham ou vão de bicicleta até a escola, o
estudo provou que as duas ações juntas não alcançam o mínimo
recomendado de exercício. Outros hábitos e estilo de vida também
não são levados a sério ou não demonstram importância para o
adolescente como atividade física, como subir e descer as escadas,
passear com o cachorro, limpar a casa, lavar roupa, que manteria o
corpo em movimento diário.
“Os
adolescentes priorizam as atividades sedentárias, e isso é muito
preocupante. Eles estão acima do peso e ficam, em média, quatro
horas pro dia em frente a TV, ao videogame, ao computador, ao
celular, enquanto se dedicam menos de um 01 hora por dia para os
exercícios”, afirma Dumith.
Para
Marlos Domingues, a falta de segurança explica parte dessa situação.
Além disso, o nível de sedentarismo entre os pais também é alto,
o que pode influenciar os hábitos dos adolescentes. “Já não se
brinca na rua. A pessoa depende de alguém para levá – la às
escolinhas de esportes”, diz Domingues, que é educador físico.
Outras explicações podem estar relacionado ao tipo de exercício
físico que é divulgado na nossa sociedade, por exemplo, o modelo
competitivo, o culto ao corpo, a forma excludente e sexista, o baixo
nível de conhecimento, como se quem não se adequar ao padrão
social, não poderá praticar nenhum exercício físico, culpando o
indivíduo e alimentando o sentido de fracasso.
Para
ele, os resultados são “uma surpresa” porque, nessa faixa de
idade, é difícil sofrer falta de tempo para justificar a pouca
atividade. “A surpresa fica por conta da tragédia que esperamos
daqui a alguns anos. Todos serão sedentários”, diz Timóteo
Araújo, educador físico. Domingues concorda. “Os prejuízos à
saúde só serão vistos mais tarde. A chance continuarem sedentários
na idade adulta é altíssima”.
As
surpresas não param por aí, os
adolescentes
sedentários representam um grupo de indivíduos potencialmente
sedentários na vida adulta, o que os predispõem desde muito cedo às
doenças crônicas não transmissíveis, como sedentarismo,
obesidade, hipertensão,
diabetes
e doenças cardiovasculares. As
práticas corporais ensinadas no ambiente escolar
não
estão
contribuindo
para a quebra do
ciclo e estão
intimamente relacionadas
aos hábitos adquiridos
pelos
adolescentes, acompanhado
com os problemas
da modernidade e estilo de vida consumista,
conforto
e comodidade,
que estão aparecendo cada vez mais cedo nas novas gerações.
Retirado
do site:
<https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2010/06/751810-maioria-dos-adolescentes-e-sedentaria-um-terco-esta-acima-do-peso.shtml>,
no dia 18 de janeiro de 2019.
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