domingo, 22 de novembro de 2015

Jornal do povo - O futebol para além das quatro linhas


O FUTEBOL PARA ALÉM DAS QUATRO LINHAS
Santos, F. A. dos. Cássia, R. de.

O que poderemos descobrir se olharmos por trás da cortina de um espetáculo de futebol? O aluno cauteloso ao olhar diria:
“O futebol é um jogo, um esporte e não possui cortinas para olhar-se por trás. Outro aluno, mais audacioso, poderia ainda responder: eu sei o que acontece por trás, até porque, eu vivo no “país do futebol”, nasci com esta manifestação corporal impregnada em mim. E você, o que responderia?”

O futebol alcança importância gigantesca em nosso país, a ponto de se afirmar ser este o país do futebol. Por isso, você está convidado a espiar, através da cortina, e descobrir os ensaios e ajustes desta apresentação, bem como, aprofundar seus conhecimentos sobre o que pode vir a ser o futebol, para além das quatro linhas que circunscrevem o campo de jogo.

“Esporte é Saúde”,
“Esporte é Energia”,
“Esporte é Integração Nacional”.

Tudo verdade e tudo mentira. Claro que o esporte ajuda a integração nacional. Mas, iniciaremos nossa discussão sobre o futebol como ópio do povo.
Ópio é um analgésico muito potente, e faz nosso cérebro funcionar mais devagar. Disto é possível supor o porquê da expressão que relaciona o futebol a uma espécie de contaminação da consciência crítica do ser humano.
A consciência é formada a partir de inúmeras questões de ordem política, econômica e ideológica, que assumem importância em determinados períodos históricos na conformação ou efervescência da população.
A ideologia, conceito do qual tanto ouvimos falar, tem, na maioria das vezes, seu real significado pouco discutido. Você já deve ter ouvido falar que cada um tem uma ideologia, ou que devemos ter nossas próprias ideologias. Será que ideologia é, então, a mesma coisa que ideais a serem alcançados por cada um de nós?
O filosofo e pensador Karl Marx (1818-1883), conceituou ideologia a partir da dinâmica da luta de classes. Ou seja, para ele, a ideologia está colocada na luta entre aqueles que dominam e aqueles que são dominados.
Assim, os dominantes apresentam suas idéias como únicas válidas e verdadeiras e perseguem, excluem ou exterminam aqueles que as contestam.
A ditadura militar vivida pelo Brasil, entre os anos 60 e 80 do século XX, é um bom exemplo disso. Você já ouviu falar das torturas aplicadas àqueles que não “seguiam a ordem” estabelecida, ou contestavam o governo? Do exílio de autoridades e pessoas comuns que fugiam do país para não serem mortas, permitindo que o governo autoritário mantivesse a sua “ordem”? Enfim, nossa história está repleta de acontecimentos em que a ideologia das classes dominantes era imposta como doutrina, impossível de ser contestada.
Mas como a ideologia pode ser transmitida à população? Por meio de vários canais, tais como: a mídia televisiva, os jornais, revistas, discursos, ou até mesmo as leis de censura, próprias dos governos autoritários, como foi o caso do Brasil no período do regime militar.
Os defensores do futebol, como ópio do povo, entendiam este esporte como uma das possibilidades de veiculação ideológica do pensamento da classe dominante.
Na década de 70, para neutralizar a oposição ao regime, o governo fez uso de vários instrumentos de coerção. Da censura aos meios de comunicação, às manifestações artísticas, às prisões, torturas, assassinatos, cassação de mandatos, banimento do país e aposentadorias forçadas, espalhou-se o medo e a violência. Os setores organizados da sociedade passaram a viver sob um clima de terrorismo, principalmente após o fechamento do Congresso Nacional, em 1966.
Para amenizar essas crises, o governo do presidente Médici (1969-1974) lançou mão do futebol como possibilidade de desviar a atenção da população dos conflitos políticos da época. O objetivo era que, ao invés das pessoas saírem às ruas para participar de manifestações políticas, ficariam em suas casas torcendo pela seleção brasileira numa “corrente pra frente”, como diz a música de Miguel Gustavo, “Pra frente Brasil”.
O governo militar utilizou-se da vitória da seleção, no mundial de 1970, para desviar a atenção da crise econômica, dos problemas sociais e políticos e, principalmente, das atitudes autoritárias relacionadas às torturas, perseguições e mortes, freqüentes naquele período triste de nossa história.
Tanto em 1970 como em 2004, ou em outras vitorias da seleção em campeonatos mundiais, o futebol funcionou como válvula de escape para os problemas sociais. O interesse do governo Médici, neste evento, foi distrair a população, “aliviar” conseqüências da instabilidade política do país em questão com o uso do papel simbólico que o futebol assumiu historicamente.
O futebol apresenta, atualmente, como uma identidade nacional. Um esporte de manifestação cultural do povo e constituidor da identidade da nação brasileira.
“Como um esporte, ou jogo, pode se constituir num objeto que identifica uma nação? Identidade estranha quando se pensa em um esporte que veio de fora do país e hoje anunciamos aos quatro cantos, como se fosse nossa invenção”.

Segundo o antropólogo Roberto DaMatta,
“... sabemos que o futebol brasileiro se distingue do europeu pela sua improvisação e individualidade dos jogadores que têm, caracteristicamente, um alto controle da bola. Deste modo, o futebol é, na sociedade brasileira, uma fonte de individualização e possibilidades de expressão individual, muito mais do que um instrumento de coletivização ao nível pessoal ou das massas. Realmente, é pelo futebol praticado nas grandes cidades brasileiras, em clubes que nada têm de recipientes de ideologias sociais, que o povo brasileiro pode se sentir individualizado e personalizado. Do mesmo modo, e pela mesma lógica, é dentro de um time de futebol que um membro dessa massa anônima e desconhecida pode tornar-se uma estrela e assim ganhar o centro das atenções como pessoa, como uma personalidade singular, insubstituível e capaz de despertar atenções.” (DAMATTA, 1982, p. 27).
É necessário pensar o futebol como algo ainda mais complexo e poderoso do que um instrumento de ideologia das massas e do mercado. Propomos pensá-lo como possibilidade de desenvolver formas solidárias e cooperativas de organização da sociedade. Neste sentido, o futebol seria um esporte, uma prática corporal capaz de fazer refletir sobre diferentes maneiras de organização política e social.
Nesta perspectiva, o futebol organizado nas ruas, pelas comunidades locais, pode se tornar a vitrine de nossa identidade nacional. Esses times que se constituem nas relações sociais democráticas e solidárias, que objetivam a diversão e a integração da comunidade, surgem como exemplos de possíveis organizações políticas alternativas.
O futebol de várzea, de pelada, aquele que você organiza na sua comunidade, na sua rua, cumpre um papel importante na caminhada          rumo à superação de dificuldades e, principalmente, da personalização singular do brasileiro como povo característico e criador de uma cultura própria.

Quando nos colocamos como atores deste espetáculo, muitos problemas podem surgir, principalmente, se você analisar qual o grande público que participa dos jogos organizados nas ruas. Os homens ainda representam a maioria dos praticantes de futebol, embora isso venha mudando com uma freqüência cada vez maior. As mulheres têm conquistado seus espaços, o que pode demonstrar o que dissemos anteriormente, sobre a importância do futebol na discussão de problemas sociais. Nunca é demais lembrá-lo que o futebol deve ser praticado por toda a turma, e isso inclui todos e todas, meninos e meninas, sem distinção.
O jogador é um trabalhador como outro qualquer e, como tal, vende sua força de trabalho em troca de salário. O clube, como um ótimo capitalista, vê nesta mercadoria a oportunidade de obter lucro com a possível venda para outra equipe. Assim, a venda de jogadores, (mercadoria) que atuam no Brasil, para clubes internacionais.
O jogador, tratado como mercadoria por seu clube, vê, nesta transferência, a oportunidade de “mudar sua vida”, ganhar um ótimo salário e visibilidade mundial. O preço destes jogadores-mercadorias brasileiros é baixo em relação aos do mercado europeu, por uma série de fatores. Um deles é, sem dúvida, a péssima administração que cerca o esporte. O outro é a dificuldade financeira atravessada pelos clubes brasileiros.
A crise econômica, que assolou o Brasil, causa impacto, também, nas possibilidades econômicas dos clubes. Estes não têm muitas escolhas, a não ser vender seu jogador a preços estipulados pelos clubes interessados.
Outro provável motivo, que pode ser atribuído ao barateamento dos jogadores transferidos ao mercado internacional, diz respeito ao valor agregado à suposta profissionalização internacional.
Um exemplo pode ser a transferência do jogador Kaká, atuando na época pelo São Paulo Futebol Clube, para o clube italiano Milan. Ao transferir-se para a Itália, Kaká tratou logo de “ajustar” sua imagem, e vendê-la junto com seu produto. O futebol europeu, através das grandes parcerias entre empresas interessadas em mostrar sua marca no cenário mundial, tem como forma de trabalho a vinculação de seus jogadores à imagem de uma profissionalização que rende aos clubes milhões de dólares, e agrega ao valor do jogador quantias bem maiores que as pagas na compra de um jogador daqui do Brasil.
Nossos clubes não conseguem manter contratos milionários com as empresas mais ricas do mundo por um motivo muito claro, nossa população é pobre, temos milhões de problemas financeiros e, principalmente, ninguém confiaria neste mercado, levando em conta o jogo capitalista. As relações de mercado têm forçado os clubes brasileiros a se enquadrarem na lógica competitiva, da venda de mercadorias, assim como as demais estruturas da sociedade. Ficamos nós, torcedores (espectadores), “a ver navios”, com as mãos atadas pelo chamado mundo da bola, cada vez mais profissionalizado.
Finalizada nossa caminhada pelos bastidores do futebol, questões que não caberiam nesta reportagem, ficando como tarefa a serem pensadas, posteriormente relacionando-as com as características da região onde você mora e, melhor que ninguém, saberá discuti-las e problematizá-las “dentro” e “fora” das quatro linhas.

Referencial bibliográfico: Vários autores. Educação Física. Curitiba/PR: SEED, 2006, 17 a 30 pg.





Colégio Estadual José Lobo
Disciplina: Educação física
Professora: Mirna Moreira Batista
4º bimestre
3º lista de exercício
1º e 2º anos do ensino médio
Valor da avaliação até 2,0 pontos

Orientação da atividade avaliativa:
Ø Formar duplas, tirar cópia do texto, da lista de exercício e responder em uma folha de caderno, com cabeçalho.
Ø Utilizar caneta de cor azul ou preta, com letra legível. Não utilizar lápis ou corretivo nas respostas da lista de exercício.
Ø Entregar apenas a lista de exercício respondida, sem o texto, o texto fica com a dupla.
Ø O prazo de entrega em 48 horas.

Lista de exercício 
1.   O que o texto quer dizer sobre “o futebol como ópio do povo”?
2.   O que é ideologia? Como a ditadura utilizou o futebol como ideologia, na década de 60?
3.   O que acontecia na ditadura militar que vai de contra os direitos humanos?
4.   O esporte pode ser saúde, pode ser energia e integração nacional, então, por que o texto coloca com tudo verdade e tudo mentira?
5.   O Brasil, ganha como identidade da nação o Futebol, a partir da ditadura militar, porém existem diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu. Qual é essa diferença?
6.   O futebol é uma prática corporal capaz de fazer refletir sobre diferentes maneiras de organização política e social. Como o futebol pode se apresentar de formas diferentes?
7.   O jogador de futebol é como um trabalhador qualquer, vende sua mão de obra por um salário. Porém o jogador tornou-se mercadoria para os clubes. Nesta compra e venda, através das transferências entre empresas-clubes, o jogador vê a possibilidade de mudar de vida. Mas o que tem acontecido no cenário atual com os jogadores brasileiros?
8.   “Ao transferir-se (Kaká) para a Itália, tratou logo de “ajustar” sua imagem, e vendê-la junto com seu produto”. Porque o jogador Kaká fez este ajuste de imagem?
9.   O que poderemos descobrir se olharmos por trás da cortina de um espetáculo de futebol?
10. Faça um gráfico comparativo das 6 questões, da entrevista feita na primeira lista de exercício, utilizando o quadro quantitativo da segunda lista de exercício, a dupla pode fazer a caneta utilizando a regra.
Exemplo:
Questão 01
















Questão 02

 Questão 03














domingo, 15 de novembro de 2015

Eu faço esporte ou sou usado pelo esporte?

O esporte escolar, muitas vezes, é um reflexo do esporte competitivo ou alto-rendimento. Este divulgado e incentivado pelos meios de comunicação, que atendem anseios do mercado consumidor, fortemente ligado ao ideário do sistema capitalista. Devemos entender tais propósitos, que estão postos de forma oculta, o que nos torna passivos e legitimadores desse sistema, para que possamos sair da condição de consumidores passivos e nos tornarmos entendedores da situação. Dessa forma, como podemos observar as intenções da mídia, presentes nas transmissões do esporte? Como entender o que está por trás de tal discurso da mídia? Você seria capaz de diferenciar o esporte dito “escolar” daquele esporte veiculado pelos meios de comunicação?

Evolução do Esporte até a Profissionalização:
“O esporte que conhecemos hoje é fruto de profundas transformações sociais ocorridas com o advento da chamada Revolução Industrial na Europa dos séculos XVIII e XIX, com origens, sobretudo, inglesas.” (BETTI, 2004, p.17).
Para entender o processo histórico em que surgiu o esporte, tão apreciado pela sociedade contemporânea, é necessário compreender algumas das transformações sociais que ocorreram naquele contexto. Entre os séculos XVI e XVIII, a sociedade européia era organizada em estamentos, ou seja, a posição dos sujeitos na hierarquia social era definida pelo seu nascimento. As pessoas que descendiam da nobreza tinham direitos e privilégios sociais muito maiores que o povo. Mesmo a burguesia, grupo social que se desenvolveu aos poucos, o longo daquele período até conquistar o poder econômico, não gozava dos mesmos direitos que os nobres.
A burguesia, classe que passou a ter forte influência sobre as demais, utilizava-se da pratica esportiva como forma de normatizar e disciplinar seus próprios filhos, a fim de prepará-los para saber controlar as tensões sociais. Ao mesmo tempo em que essa classe social buscava conquistar o poder político, consolidava-se seu poder econômico por meio da Revolução Industrial. No século XIX, com as reivindicações da classe operária para redução das jornadas de trabalho, os trabalhadores obtiveram acesso a um tempo destinado ao lazer. Mas o que fazer nas horas vagas? Junto a isso, intensificou-se o processo de urbanização que criava espaços públicos. Mas como utilizar esses espaços de forma correta?
A classe trabalhadora conquistou, após inúmeros enfrentamentos, a redução da jornada de trabalho e alguns direitos como o sufrágio universal. Estas conquistas preocuparam a burguesia em relação à forma como os trabalhadores poderiam aproveitar o tempo de folga. Isso seria uma poderosa arma a ser utilizada contra ela mesma (burguesia), uma vez que com esse tempo de folga e com os espaços públicos disponíveis para os momentos de lazer, seria fácil a criação de movimentos sociais contra a classe dirigente. Com a conquista do tempo livre para o lazer, quais eram as lutas dos movimento sociais da classe trabalhadora? Sendo uma conquista o lazer, era preciso continuar lutando por ele? Por quê?
Nesse sentido, surgiu a importância de incentivar a classe trabalhadora a aderir à prática esportiva, como forma de ocupação do tempo livre, diminuindo as possibilidades de tensões sociais. “No entanto, o significado dessa prática para essas classes sociais era outro, o corpo foi o meio, caracterizando-se uma prática mais viril” (RODRIGUES, 2004).
Dentro dessa perspectiva, o esporte assumiu diferentes papéis e um deles foi de elemento de socialização (para a elite), tendendo a uma prática amadora. Já para a classe trabalhadora, o esporte era praticado de uma forma mais combativa, aproximando-se do que viria a ser, mais tarde, o esporte “profissional”.

Surgimento do Esporte Espetáculo
A evolução do esporte até tornar-se “espetáculo” aconteceu de forma “natural”, pois, no sistema capitalista, um fenômeno aceito e incorporado tanto pela classe trabalhadora quanto pela classe dominante não poderia passar despercebido. Assim, o esporte, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, passou a ter conotações mercadológicas.
O esporte, na segunda metade do século XX, assumiu grande relevância social. Para muitos praticantes, esse fenômeno representava uma forma de status e, principalmente para as classes menos favorecidas, era o meio mais rápido de ascensão social.  Os meios de comunicação de massa contribuíram para a divulgação e ajudaram a criar essas “falsas ilusões”, valorizando o esporte e tornando-o uma mercadoria de consumo. Mas você sabe por que aconteceu isto? Para atender aos interesses de quem?
Alguns pesquisadores escrevem sobre este tipo de desvirtuamento que o esporte foi submetido. Proni (1998, p. 93), com base nos estudos de sociólogos, argumenta que “(...) antes do domínio da televisão, mudanças nas regras, estrutura e calendário foram introduzidos para aperfeiçoar o esporte ou incrementar a assistência das partidas. A partir do momento que o controle econômico se deslocou para a televisão, mudanças foram introduzidas para agradar os telespectadores ou gerar mais receita com propagandas”.
Um dos exemplos mais claros seria a questão da exploração da mídia sobre o voleibol, o qual teve suas regras alteradas em favor de interesses da televisão, como no caso da exclusão da “vantagem”, e também a inserção do “tempo da TV” que acontece sempre no oitavo e décimo sexto ponto de cada set. Será que isto também acontece com outros esportes? De forma?

O Esporte como forma de Lazer Passivo

        O lazer, inicialmente, tinha por objetivo diminuir as tensões presentes nas longas jornadas de trabalho. Neste contexto, referimo-nos a uma forma de lazer denominado de “lazer passivo”, do qual os meios de comunicação, em especial a televisão, fazem uso com bastante propriedade, tornando os espectadores em potenciais consumidores da “indústria do lazer”. Mas o que é lazer passivo e a sua relação com as mídias?

“O espectador conecta a televisão para desconectar-se...” (ENZENSBERGER 1991, apud LOVISOLO, 2003, p. 247). A televisão utilizada como forma de lazer faz com que o ser humano se desconecte da realidade que o cerca, de seus problemas e viva intensamente esse tempo, o qual expressa um sentimento de “prazer”.

O esporte, dentro desse conceito de lazer, influência os espectadores para a compra do “espetáculo-esportivo”. Essa relação entre o esporte e o consumismo pode se refletir de diversas formas, tais como:

- Compra de ingressos para assistir um evento esportivo;

- Investimentos de multinacionais em marketing esportivo;

- Matrícula de crianças em escolinhas esportivas com pais influenciados pela mídia;

- Compra de calçados e materiais específicos para a prática esportiva.


    A televisão e os meios de comunicação em geral, por influenciarem um grande público com proporções, muitas vezes incalculáveis, tornam-se produtores de verdades, criando crenças, ídolos e divulgando informações pertinentes aos seus interesses. Essa produção de ideias e valores é interpretada pelas pessoas como verdades absolutas, sem que haja uma reflexão crítica a respeito de tais modelos, contribuindo, assim, na formação de uma massa consumidora.   

Referência:
CAETANO, Gilson José. Vários autores. Educação Física. Curitiba/PR: SEED, 2006, 49 a 58 pg.

--> Exercício de fixação

1.   O esporte surgiu após a Revolução Industrial, entre os séculos XVI e XVIII, como era organizada a sociedade naquela época e por que o esporte teve forte influencia da classe burguesa?

2.   O que a classe trabalhadora do século XIX, fazia nos momentos de lazer e como a classe burguesa reagiu, neste momento, de lazer dos trabalhadores?

3.   Quando o esporte espetáculo ganhou a conotação mercadologia? Para atender aos interesses de quem?

4.   Porque a Televisão foi tão importante para a divulgação do esporte espetáculo.

5. Quais são as implicações do esporte espetáculo para profissionalização do esporte?

6. E com é a influência dos meios de comunicação no esporte praticado na escola? Justifique

7. Será que a televisão proporciona uma forma de alienação? O que é alienação?

8. “O espectador conecta a televisão para desconectar-se...” na busca pelo sentimento de prazer, contudo que prazer é esse?


9. Como a ideologia dominante, da classe burguesa pode ser transmitida ao povo? Marque a opção correta:
a)   Futebol                  
b)   Educação   
c)   Meios de comunicação
d)   Todas as alternativas estão corretas

10. Na área de Educação Física Escolar muitas transformações e mudanças na prática do esporte, durante os anos, hoje temos uma vasta e ampla discussão de outros modelos de esporte para atender a diversidade humana e a necessidade social da atual sociedade. Qual modelo de esporte é reflexo da nossa aprendizagem dentro e fora da escola, e das influencias midiática?
a)   Esporte educacional
b)   Esporte participação
c)   Esporte rendimento
d)   Esporte espetáculo


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O IMPACTO DO ÓLEO DE COZINHA NO MEIO AMBIENTE



        No mês de  novembro e dezembro o Colégio Estadual José Lobo estará realizando o projeto de sustentabilidade, com o tema "O impacto do óleo de cozinha no meio ambiente", recolhendo o óleo de cozinha utilizado nas casas, comércios e restaurantes, com a ajuda dos alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
     Este trabalho também passará por uma campanha de conscientização entre os alunos da reutilização, reciclagem e redução do uso dos materiais inorgânicos, como óleo, na nossa sociedade e a preservação do meio ambiente no século XXI.
          Óleo de cozinho é muito utilizado no cozimento e na fritura de alimentos nas casas brasileiras. Na reportagem no site Biocoleta, relata que o Brasil mais de 200 milhões de litros de óleo residual de fritura são despejados mensalmente nas pias das cozinha domésticas. Este óleo que é despejado nas pias vai para os rios e lagos comprometendo o meio ambiente de hoje e do futuro. Infelizmente, é o óleo o maior poluidor de águas doce e salgadas nas regiões mais adensadas do Brasil.
          O óleo tem um impacto ambiental muito grande. Apenas 1 litro de óleo é capaz de esgotar o oxigênio  de até 20 mil litros de água, que bloqueia a passagem de ar e luz, impedindo a respiração e a fotossíntese.  
            O estado de Goiás, em 2012, realizou o programa "Olho no óleo", na redução do impacto do óleo de cozinha usada e descartado indevidamente nas redes de esgoto sanitário. De acordo com estudos, apenas em Goiânia e em Aparecida de Goiânia, descarta a média de 525 mil de residências é de 1,4 litros do mês, cada uma. Nos estabelecimentos comerciais, o número chega a 136 litros por mês, o que totalizam juntos mais de 208 mil litros de óleo descartado indevidamente.
         A reutilização, reciclagem e o reaproveitamento do óleo é grande ganho para o meio ambiente. Em alguns estabelecimento de Goiânia, como supermercados, já faz a troca de 4 litros de óleo de cozinha por 1 frasco de óleo novo. No colégio estadual José Lobo, também entra na campanha de conscientização, recolhendo 2 litros de óleo por alunos, nos dias 18 de novembro à 4 de dezembro de 2015. 
         Como você deve separar e acondicionar o óleo usado de cozinha. 
         A reciclagem e o reaproveitamento do óleo de cozinha usado é uma saída sustentável para o problema. Existem diversas finalidades para o óleo de cozinha usado: produção de resina para tintas, sabão, detergente, glicerina, ração para animais e até biodiesel. Escolha a melhor opção para você e minimize os impactos negativos causados ao planeta.

Transforme o seu óleo de cozinha em sabão caseiro
          Você mesmo pode dar um novo destino ao óleo de cozinha. A receita é simples e pode ser feita em casa:
Materiais: 5 litros de óleo de cozinha usado, 2 litros de água, 200 mililitros de amaciante, 1 quilo de soda cáustica em escama.
Preparo: coloque cuidadosamente a soda em escamas no fundo de um balde e acrescente a água fervendo. Mexa até diluir todas as escamas da soda e depois adicione o óleo e mexa. Em seguida, adicione o amaciante e mexa novamente. Jogue a mistura numa fôrma e espere secar. Corte o sabão em barras.

domingo, 8 de novembro de 2015

LAZER OU RECREAÇÃO?

Colégio Estadual José Lobo
Disciplina: Educação Física
Professora: Mirna Moreira Batista
4º Bimestre
3º ano

O esporte como forma de lazer passivo
Caetano, Gilson José (2007, pag. 54).

No século XIX, com as reivindicações da classe operária para redução das jornadas de trabalho, os trabalhadores obtiveram acesso a um tempo destinado ao lazer. Mas o que fazer nas horas vagas? Junto a isso, intensificou-se o processo de urbanização que criava espaços públicos. Mas como utilizar esses espaços de forma correta?
A segunda metade do século XX foi um período de intensos conflitos, principalmente articulados por grupos de jovens. “A cultura jovem tornou-se a matriz da revolução cultural no sentido mais amplo de uma revolução nos modos e costumes, nos meios de gozar o lazer e nas artes comerciais, que formavam cada vez mais a atmosfera respirada por homens e mulheres urbanos.” (HOBSBAWM, 1995, p. 323)
Algumas formas de massificação dos movimentos corporais são facilmente percebidas nos esportes e na dança, pois essas atividades podem ser vistas como formas de lazer exploradas pelo interesse de grandes grupos econômicos, tornado-se fortes instrumentos de alienação, distração e consumo fácil das massas.
O lazer, inicialmente, tinha por objetivo diminuir as tensões presentes nas longas jornadas de trabalho. Neste contexto, referimo-nos a uma forma de lazer denominado de “lazer passivo”, do qual os meios de comunicação, em especial a televisão, fazem uso com bastante propriedade, tornando os espectadores em potenciais consumidores da “indústria do lazer”. “O espectador conecta a televisão para desconectar-se...” (ENZENSBERGER 1991, apud LOVISOLO, 2003, p. 247).
A televisão utilizada como forma de lazer faz com que o ser humano se desconecte da realidade que o cerca, de seus problemas e viva intensamente esse tempo, o qual expressa um sentimento de “prazer”. Os elevados investimentos nos grandes eventos esportivos e a espetacularização dos mesmos fazem com que a população se “esqueça” das necessidades de sobrevivência e dedique-se às atividades de lazer.
O esporte, dentro desse conceito de lazer, influencia os espectadores para a compra do “espetáculo-esportivo”. Essa relação entre o esporte e o consumismo pode se refletir de diversas formas, tais como:
- Compra de ingressos para assistir um evento esportivo;
- Investimentos de multinacionais em marketing esportivo;
- Matrícula de crianças em escolinhas esportivas com pais influenciados pela mídia;
- Compra de calçados e materiais específicos para a prática esportiva.
A televisão e os meios de comunicação em geral, por influenciarem um grande público com proporções, muitas vezes incalculáveis, tornam-se produtores de verdades, criando crenças, ídolos e divulgando informações pertinentes aos seus interesses. Essa produção de idéias e valores é interpretada pelas pessoas como verdades absolutas, sem que haja uma reflexão crítica a respeito de tais modelos, contribuindo, assim, na formação de uma massa consumidora, utilizando-se do momento de lazer para esta alienação e despreocupação a utilidade dessas idéias para a vida social.
Estamos vivendo numa sociedade cada vez mais excludente, e isto acaba refletindo no estilo de vida que levamos. Com este modo de vida tão atribulado, sobra pouco tempo para o lazer e outras atividades. Com este novo estilo de vida, cresce também os problemas relacionados ao corpo e à saúde. Nesse sentido, as doenças relacionadas à contemporaneidade da sociedade capitalista, como stress, depressão e tantas outras, são decorrentes do excesso de horas de trabalho, o qual se constitui como a única alternativa de sobrevivência das pessoas. Fazendo com que essas não tenham tempo e espaço para fazer outras “coisas”, como o lazer.
Lazer ou Recreação
A Recreação é comumente apresentada de maneira ligada à área de lazer quase como se o binômio “Recreação e Lazer” possuísse um significado único. Isto talvez ocorra por ambas às áreas possuírem características comuns como o componente lúdico, a busca da satisfação pessoal, a flexibilidade nas regras.
Podemos apontar casos como a ação de ler um livro, degustar um bom vinho, visitar uma exposição de pinturas, de flores, ou de carros, ouvir música, ir a uma festa, conversar com os amigos ou freqüentar redes sociais, entre muitas outras, que podem se caracterizar como atividades de lazer, sem que sejam, por definição, atividades recreativas.
Igualmente podemos encontrar uma gincana cultural ocorrendo em meio a uma aula escolar, um concurso de leitura, uma visita guiada a um museu, um “outdoor training” gerencial de uma empresa, entre outras, que podem se caracterizar como atividades recreativas, sem que sejam atividades de lazer.
O que diferenciam os estes exemplos daqueles, é que os primeiros ocorrem em horários descompromissados, tempos livres, disponíveis, onde não há tarefas obrigatórias por se fazer. São atividades do universo de escolhas do indivíduo, onde ele participa sozinho ou em grupos, de atividades que escolheu por decisão própria e destituída de qualquer compromisso financeiro, profissional, social ou educacional. Já nestes exemplos recreativos, as atividades ocorrem dentro de um período que pode ser ou não compromissado. Gincanas escolares, treinamentos gerenciais ocorrem respectivamente em um horário determinado para a educação ou para o trabalho, por exemplo. Mas podem também ocorre vinculados ao lazer, de maneira voluntária e descompromissada. Neste caso o que diferencia o lazer da recreação é que esta deve ser planejada e o lazer ocorrer espontaneamente. Este objetivo pode ser intelectual, emocional, social, assim como pode ser a diversão, o entretenimento por si só.

Referencial bibliográfico: Vários autores, Educação Física. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 54-55.
CUNHA JUNIOR, Carlos Fernando Ferreira da; MARTIN, Edna Hernandez; LIRA, Luís Carlos. Lazer, Esporte e Educação Física Pesquisas e intervenções da Rede CEDES/UFJF. Juiz de Fora: EDUFJF, 2009. 129-152p.


Exercício de Pesquisa
Fazer em dupla, copiar e responder em uma folha para entregar ao representante, com nome e turma.
Turmas: 3º A/D entregar dia 20/11
Turmas: 3º C/B entregar dia 25/11

1.Quais são os aspectos filosóficos e sociais que o lazer na vida o trabalhador contemporâneo?
2.Mas que prazer é esse proporcionado pelos meios de comunicação?
3.Será que a televisão proporciona uma forma de alienação? Por quê?
4.Você toma por verdadeiro tudo que é transmitido nos meios midiáticos? Justifique.
5.Eu faço esporte ou sou usado pelo esporte, no meu momento de lazer? 

ESPORTE E SOCIEDADE: UMA RELAÇÃO PAUTADA PELA MÍDIA

ESPORTE E SOCIEDADE: UMA RELAÇÃO PAUTADA PELA MÍDIA
Marli Hatje
Universidade Federal de Santa Maria – RS

         Refletir sobre as relações da Educação Física/Esporte com Mídia e a repercussão desta relação na sociedade atual é fundamental para aprofundar as discussões atuais, tanto na área da Educação Física, quanto na área da Comunicação Social. Os estudos iniciados no início da década de 90, no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano, do Centro de Educação Física e Desportos, da Universidade Federal de Santa Maria sustentam boa parte das discussões em evidência, principalmente, no momento em que se discute a (re)estruturação do próprio Programa. O Laboratório de Comunicação, Movimento e Mídia na Educação Física (LCMMEF), atuou, sempre, sob a premissa de que sua (grande) área de atuação é a Educação Física/Esporte e nela está inserida a comunicação, enquanto processo, seja como um fenômeno social ou como um instrumento de intervenção social.
          Diante deste contexto, o processo comunicativo, seja ele verbal ou e não-verbal, é objeto de estudo, de grande importância, para a área da Educação Física/Esporte, principalmente se compreendermos que o objeto de estudo da Educação Física é o Movimento Humano, aspecto que, inclusive, diferencia essa disciplina das demais disciplinas de um currículo escolar.
           A comunicação pode ser um processo por meio do qual o indivíduo transmite estímulos para modificar o comportamento de outros indivíduos (HOVLAND), ou então como uma transmissão de informações, idéias, emoções e habilidades, por meio do uso de símbolos, palavras, imagens, figuras, gráficos, gestos e expressões (BERELSON E STEINER). As definições, associadas a outras (BERLO, BORDENAVE, por exemplo), conduzem as discussões sobre a importância do processo comunicativo na formação de profissionais de Educação Física, que têm no Movimento Humano sua base de atuação. 
        O esporte é discutido sob o viés da mídia, a partir de definições clássicas, como a da Sociologia, por exemplo, porque a Mídia tem modificado questões conceituais no esporte, que repercutem na sociedade atual. Discutir o que é esporte para a mídia, como ela o tem tratado e o uso que as pessoas fazem dele parecem questões fundamentais. Aos debates, a sociedade “midiática” é considerada sob dois aspectos: enquanto público e enquanto massa. Público é homogêneo, constituído de indivíduos que têm algo em comum, afetados pelo mesmo assunto. Para Blumer (apud DUARTE, 2002) é um grupo que está enfrentando um mesmo problema e se engaja na discussão desse problema. Já massa é heterogênea, composta por indivíduos que não se conhecem, que estão espacialmente separados e que não podem interagir. 
       Duas questões são pertinentes neste momento: Como a Mídia afeta esses dois grupos, e como estes absorvem o conteúdo veiculado pela a Mídia. Três paradigmas contextualizam esta reflexão no LCMMEF. O primeira traz a diferença que pauta os estudos no LCMMEF, em relação às áreas da Educação Física e da Comunicação Social; busca esclarecer o por que e a importância do processo comunicativo na Educação Física (HATJE, 2002). O segundo refere-se aos esquemas de Comunicação que permeiam as discussões interdisciplinares do Laboratório (ARISTÓTELES e LASSWEL). O terceiro paradigma retrata a percepção social, a partir de repertórios individuais (BORDENAVE).
         Muitas questões levantadas neste ensaio continuam objeto de discussão no LCMMED. Os ajustes e a (re)estruturação do Programa de Pós-Graduação sustentam a continuidade e exigem aprofundamentos. Quer-se, na INTERCOM, muito mais explicitar e dividir reflexões em andamento, do que propriamente veicular e defender posições. Muitas vezes são lançadas questões que ainda não têm resposta ou respostas parciais. Pretende-se, antes de tudo, ampliar as discussões e fornecer elementos, não apenas para as discussões no LCMMEF, mas do próprio GT Mídia e Esporte, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, criado em 1996, em Londrina/PR.

2 MÍDIA, ESPORTE E SOCIEDADE
          A mídia motiva, estimula ou incentiva a prática da atividade física? Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apenas 1,2% da população brasileira pratica atividades físicas com regularidade. Qual a razão deste baixo índice se a prática de exercícios físicos previne doenças e auxilia no tratamento de outros males? Pode-se justificar o percentual na falta de hábito de praticar exercícios?, na falta de disciplina?, na falta de informação sobre a importância de praticar atividade física para ter ou melhorar qualidade de vida?
              Muitas respostas ainda precisam de estudos científicos. Em outubro de 2002, na palestra de abertura do CELAFISC, em São Paulo, os participantes ouviram que o cachorro é, na sociedade atual, mais eficiente no estímulo à prática da atividade física do que a mídia. O professor australiano, que realizou a palestra disse que os donos de cachorro, são 15% mais ativos do que aqueles que não têm o animal de estimação, porque o cachorro obriga que seu amigo homem, diariamente, o acompanhe numa caminhada. 
             Com certeza, desde o evento, muitas questões já foram discutidas considerando a informação do professor australiano. Outras estão em discussão diante da relevância desta revelação. A mídia, nos últimos anos, avançou significativamente em termos tecnológicos. A cada edição dos Jogos Olímpicos, da Copa do Mundo de Futebol ou de qualquer outro evento, em nível nacional, os Meios de Comunicação divulgam e enfatizam o investimento realizado em termos tecnológicos para a cobertura do evento. Neste ensaio, não pretende-se avançar nesta discussão, embora se reconheça a importância da tecnologia no contexto atual. 
              Pretende-se, sim, avançar, um pouco mais, na questão do conteúdo veiculado e como este influencia ou afeta o comportamento da sociedade, ou de parte dela. A mídia tem, em sua pauta diária, a preocupação ou a intenção de estimular a prática de atividades físicas? Os conteúdos veiculados revelam o quê? Ela se interessa em assuntos como o Mexa-se São Paulo ou por conteúdos como este veiculado pelo Jornal Zero Hora (Porto Alegre) em 16 de novembro de 2002 intitulado “Mexa-se para evitar doenças”. Quanto espaço a Mídia reserva para temas como estes? Respostas para essas perguntas são praticamente inexistentes, mas cada vez mais necessários. No LCMMEF há pesquisas, quantitativas e qualitativas. em andamento. 
             As de caráter quantitativo, em sua maioria, buscam averiguar o espaço que a mídia dá ao esporte não-profissional, as outras buscam resposta à importância do conteúdo esportivo veiculado para a mudança de comportamento do publico, quanto a prática de exercícios físicos. Discute-se, inclusive, a diferença entre importante (interesse público) x interessante (interesse do público), baseado em CORREA (1998). Tony Schwartz em sua obra Mídia, o segundo Deus destaca a importância da Mídia na  sociedade e do espaço que ela ocupa. É leitura obrigatória para os pesquisadores da área, porque a mídia está em toda parte, assim como o esporte está em toda mídia: nas novelas, nos seriados, nos programas de auditório. O esporte é o alvo da mídia, que transmite informações, alimenta nosso imaginário e fornece elementos à interpretação do mundo.
                  NO LCMMED, são consideradas as duas visões, que segundo ECO (1970), pairam sobre a Mídia: a) a dos apocalípticos que atribuem à mídia uma função conservadora, que aliena; b) a dos integrados, que operam, produzem e emitem suas mensagens em todos os níveis da mídia. Vêem na mídia a possibilidade de acesso a todos os bens culturais. Quando discutem-se as Ciências do Movimento Humano, voltadas ao campo da cultura corporal do movimento; a atuação (importância/influência) da mídia é crescente, além de decisiva, na construção de novos significados e novas modalidades de entretenimento e consumo. A sociedade é consumidora do esporte (espetáculo), seja como torcedora nos estádios e nas quadras ou como espectadora, ouvinte ou leitora de Meios de Comunicação. O nível de consumo e de investimento, inclusive financeiro, depende de cada indivíduo e/ou de cada grupo. Quanto mais envolvido e apaixonado por esporte, maior seu envolvimento e seu investimento.
                    Há muitas informações de interesse da área da Educação Física/Esporte veiculadas pela mídia. Nem todas são corretas e confiáveis, mas que, no entanto, se sobrepõem pela baixa capacidade crítica1 de espectadores e leitores. Outras estimulam a atividade física sob o pretexto de resultados mirabolantes, desejados por todos. A revista Corpo Fitness (especial nº 18, ano IV, 2003) veiculou na capa “Corpo novo em 3 meses” ou “ Bumbum definido e barriga lisa”. Análise mais detalhada dá conta que esse corpo requer hábito e disciplina. E, quantas pessoas têm hábito e disciplina, diários, para realizar atividades físicas que garantem esse resultado em 90 dias? 
            Livrarias e bancas de revistas revelam que, nos últimos anos, houve elevação na quantidade de informações veiculada e publicamente partilhada que interessa à área da Educação Física. No entanto, diante dos poucos estudos conhecidos ou existentes, infere-se que seus profissionais, ainda não assumiram a tarefa de chamar a si essas informações para avaliar, discutir e intervir na qualidade da informação veiculada, em nome dos objetivos da Educação Física. Atualizar propostas pedagógicas da Educação Física, no sentido de também avaliar e discutir os sentidos e as repercussões da Mídia na Educação Física Escolar, é fundamental na sociedade atual, sobretudo a influência da TV. Os questionamentos perpassam aspectos desde o(s) conceito(s) de esporte veiculado pela Mídia e a(s) forma(s) utilizada(s) para representálo (s). Outra questão refere-se às implicações, do(s) conceito(s) e da(s) forma(s), para a Educação Física enquanto prática pedagógica.
               Conforme pesquisa realizada no LCMMEF em 2001, referente a prática de atividades de lazer em 31 municípios do RS, assistir televisão, foi apontada, pelos entrevistados, como a principal forma de lazer, para ocupar tempo livre. O resultado tornou-se importante às pesquisas do Laboratório, na medida que entende-se que a TV pode espetacularizar qualquer coisa frente aos crescentes e sofisticados recursos técnicos. Ela cria emoções, utiliza mecanismos que espetacularizam a violência e a morte. Na transmissão de corridas de Fórmula 1, por exemplo, constantemente, o telespectador assiste acidentes espetaculares. 
                 Além dos recursos técnicos, a utilização da linguagem bélica, emotiva e de rivalidade 2 são mecanismos para criar e/ou veicular o espetáculo esportivo. Para falar de esporte e, principalmente para discutir suas relações com a mídia, no âmbito escolar, é necessário considerar a classificação realizada pela Sociologia do Lazer. Segundo ela, há o praticante ativo do esporte (o atleta) e o consumido passivo (o espectador). O profissional atuante da área da Educação Física, diariamente, tem contato com pessoas de ambos os grupos, seja na escola, na academia, no clube, em hospitais ou hotéis. Parte do desafio e do sucesso que almeja como profissional está ligado à conquista de pessoas à sua proposta. Influenciar praticantes, ativos ou passivos no sentido de orientá-los a absorver da mídia aquilo que deve ser absorvido e, principalmente, como deve ser absorvido, é uma meta que requer paciência, tempo e, sobretudo, muito conhecimento do processo comunicativo, desde a coleta até a produção e a veiculação das informações.
              Para discutir as relações entre a mídia e o esporte, é necessário também considerar o que ECO (1984) chama de Falação, que atribui um enfoque hegemônico ao discurso. Neste caso, quando se fala em esporte, se fala em vitória, em resultado, em esforço intenso, em medalhas e em dinheiro. As análises dos comentaristas esportivos (em sua maioria comentaristas de futebol), giram em torno da técnica e da tática empregada pelos treinadores das equipes, e do desempenho do atleta na partida, diante do esquema utilizado. É nesse contexto, que muitos profissionais da Educação Física buscam argumentos para sustentar que Mídia e Esporte não tem relação e que a Comunicação não faz parte da área. 
           A Falação geralmente é parcial, porque é fruto de opiniões pessoais, de comentaristas ligados à modalidade esportiva em evidência e veiculada, muitas vezes, sem o conteúdo necessário para que, as informações, sejam absorvidas pela sociedade como algo que possa contribuir à formação social e cultural. Os conteúdos veiculados são resultado de diversos aspectos, entre eles: a) de formação inadequada dos profissionais da Mídia que atuam no esporte, e b) muitos profissionais, quando nasceram, já nasceram com seu time de futebol ou seu partido político definido, pela família. Exemplos são publicados nas páginas sociais dos jornais. Assim, quando se tornam jornalistas, por exemplo, carregam o amor pelo time ou pelo partido político para a profissão, não conseguindo, portanto, excluir a subjetividade naquilo que veiculam pela mídia.
            A Mídia e, sobretudo a TV, para conquistar audiência e espetacularizar seus produtos denomina tudo Esporte (diversidade de prática), seja ele ligado à melhoria da condição física, como caminhar, correr, fazer ginástica; à superação de desafios, como o alpinismo e a asa delta; ou à atividades ligadas à natureza, como as trilhas e o turismo ecológico. Nesse contexto, segundo, BETTI3, os critérios clássicos da sociologia que definem esporte foram subvertidos. Não é mais necessário competição, desempenho, vitória ou recorde. O esporte espetáculo requer ampliação do seu conceito. 
                Os profissionais da Educação Física devem aprofundar seus conhecimentos e apontar as possibilidades dos diversos níveis e tipos de práticas que compõem a cultura corporal esportiva. Devem considerar que a Mídia e, principalmente a TV, rivaliza com a escola e com a família enquanto fonte de formação de valores e atitudes. A família, a TV e a escola constituem o tripe básico à formação (cultural, social....) de qualquer pessoa na sociedade contemporânea. Para BETTI, a TV é um problema educacional que deve merecer atenção. Destaca, no entanto, o descompasso entre o nível técnico do esporte difundido pelo esporte espetáculo da TV e as reais possibilidades de alunos, escolas e professores. 
              O descompasso existente entre a realidade de alunos, escolas e professores e as informações veiculadas pela TV, também existe em outros extratos da Mídia. As informações em revistas “especializadas” em divulgar formas de como emagrecer, como tonificar barriga e bumbum, por exemplo, geralmente são ineficientes. As dicas e as orientações não atingem o grande público, seja por falta de hábito, de disciplina ou vontade de praticar atividade física. Ou ainda, pelo fato de não haver um profissional qualificado para orientar a execução correta e adequada de atividades propostas nas revistas, o resultado além de insatisfatório pode acarretar prejuízo à saúde dos consumidores da informação.
              A Mídia é o universo cultural em que as novas gerações socializam-se no esporte. A TV é o veículo que mais influencia a cultura, por ser ainda o meio que agrega, em torno dele, o maior número de pessoas. A natureza e as conseqüências desta influência são polêmicas e requerem discussões mais amplas de todos os setores da sociedade. As produções esportivas da mídia devem ser associadas às aulas de Educação Física. Analisar e discutir programas de TV, matérias veiculadas em jornais e revistas e transmissões pelo rádio (porque estas ampliam a imaginação e a criatividade dos alunos), quando estão em evidência eventos nacionais e internacionais ampliam o repertório individual dos alunos e a possibilidade deles se tornarem pessoas mais críticas e reflexivas diante da realidade. 
                 Assuntos como Doping, Violência, Saúde e Beleza, quando estão em evidência grandes eventos, na Mídia, podem sustentar e motivar discussões interessantes, mas sobretudo, importantes nas aulas de Educação Física. Embora a TV tente veicular um modelo hegemônico de esporte, ela apresenta contradições. O verdadeiro professor é capaz de perceber e selecionar matérias para promover assuntos emergentes, atuais, que dizem respeito aos alunos, como realização pessoal; sociabilização e auto-conhecimento. Discutir o modelo de corpo exigido pela sociedade, por exemplo, implica em abordar a saúde, o preço para se manter em forma; a importância dele para a realização pessoal. O problema do uso de drogas (causas e conseqüências), especialmente por crianças e adolescentes, seria oportuno a partir de reportagens que tratam do Doping em atletas, quanto aos prejuízos pessoais e profissionais causados.
                  No contexto do LCMMEF, em que se discutem as relações entre o Esporte e a Sociedade, pautadas pela Mídia, o educador é peça fundamental. Pairam sobre ele características como um dos principais mediadores entre a sociedade (especificamente os alunos) e a Mídia. Como profissionais inseridos neste contexto interdisciplinar, é imprescindível amplo conhecimento para conduzir estudos e pesquisas, formativas e informativas, sobre o esporte (espetáculo) e suas implicações na sociedade. Usufruir do esporte desta maneira exige além de conhecimento, instrumentos voltados aos diversos significados e modelos de prática que o esporte possui na sociedade contemporânea, visto que a a Educação Física Escolar pode propiciar aos alunos a oportunidade de contrastar a vivência de praticar esporte, enquanto experiência vivida, com a experiência de apenas assistir esporte. 
              Por fim, entende-se a mídia como ferramenta pedagógica que a Educação Física (pode) mobiliza (r ) para intervir na sociedade e não apenas como instrumento de percepção do mundo. É neste aspecto que reside a diferença, mas sobretudo, a importância de levar a Mídia (meios) para a Escola. As teses (3), as dissertações (10) e as monografias (9) já realizadas no Laboratório de Comunicação, Movimento e Mídia na Educação Física do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano abordam, justamente, esta questão a partir de várias premissas e entendimentos. São estes estudos que fundamentam a nova proposta denominada Fundamentos Expressivos e Comunicativos do Movimento Humano.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
             Ao concluir este ensaio, fica a certeza de que muitas questões requerem discussão mais aprofundada. É necessário ampliar e intensificar o leque de conhecimento interdisciplinar, diante da certeza de que, assim como os profissionais da Educação Física/Esporte, o público-alvo também é influenciado pela mídia, seja ele o praticante ativo ou o consumidor passivo do esporte (o espectador).
              O desafio está em descobrir, a partir de pesquisas e discussões, como os profissionais da Educação Física/Esporte podem melhorar a performance física do praticante ativo (no sentido de estimulá-lo aos exercícios físicos) e a performance intelectual do segundo (no sentido de torná-lo mais crítico e reflexivo diante do que é veiculado pela Mídia).
               A reestruturação do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano, especialmente dos objetivos do Laboratório de Comunicação, Movimento e Mídia na Educação Física, do CEFD/UFSM, permite inferir que a relação interdisciplinar entre as área da Educação Física/Esporte e Comunicação Social, bem como as discussões para compreender e interferir no contexto Mídia, Esporte e Sociedade, desde o início de 90, ampliaram-se, conforme revelam os estudos realizados até 2003. A inclusão de (novas) questões voltadas a Ciências do Movimento Humano, em nível de Pós-Graduação, e a própria reestruturação curricular da Educação Física, em nível de Graduação, faz-se necessária, principalmente no sentido de ampliar o próprio conceito de comunicação (enquanto processo) e da importância deste na formação dos novos profissionais no Brasil, a partir das novas Diretrizes Curriculares.
                 A mídia no contexto da Educação Física/Esporte conquistou definitivamente seu espaço. A importância, no entanto, para os diversos profissionais, depende do conceito e dos objetivos que cada um ostenta ou defende, considerando o processo ensino-aprendizagem na formação de uma sociedade, de seres humanos mais críticos e reflexivos. Para concluir, ficam duas questões para reflexão, que atualmente, sustentam algumas discussões no LCMMEF: a) a imprensa brasileira, sobretudo a esportiva, tem se caracterizado como formativa ou informativa em suas coberturas?; b) a imprensa brasileira contribui com o desenvolvimento do esporte ou o esporte com o desenvolvimento da imprensa? Qual o papel de cada um deles no contexto esportivo atual?

4 BIBLIOGRAFIA
HATJE, Marli. Grande imprensa: valores e/ou características veiculadas por jornais brasileiros para descrever a participação da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1998 em França. Tese. Centro de Educação Física e Desportos. UFSM: Santa Maria, RS, 2000.
HATJE, Marli. O jornalismo esportivo impresso do Rio Grande do Sul de 1945 a 1995: a história contada por alguns de seus protagonistas. Dissertação. Centro de Educação Física e Desportos. UFSM: Santa Maria, RS, 1996. 
REVISTA Comunicação, Movimento e Mídia na Educação Física. Centro de Educação Física e Desportos. UFSM: Santa Maria, RS, 1999, 2000, 2001.
SANFELICE, Gustavo. As relações entre o esporte contemporâneo e o Olimpismo na cobertura dos Jogos Olímpicos. Dissertação. Centro de Educação Física e Desportos. UFSM: Santa Maria, RS, 2002.
SISSORS, J. e BUMBA, I. Planejamento de Mídia: aferições, estratégias e avaliações. São Paulo: Nobel, 2001.
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PIRES, G. A Educação Física e o discurso midiático: abordagem crítico emancipatória. Ijuí: Unijuí, 2002.
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FEILITZEN, C. Von e CARLSSON, U. (org). A criança e a mídia. São Paulo: Cortez; Brasília:UNESCO, 2002.
BERLO, D. O processo da comunicação. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MORAES, D. (org) Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. RJ/SP: Record, 2003. DUARTE, 2002.


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