Para começar:
Ao
longo da história, os indivíduos com necessidades especiais foram
vistos como doentes e incapazes, e sempre estiveram em situação de
desvantagem, ocupando, no imaginário coletivo, a posição de alvo
da caridade popular e da assistência social, e não a de sujeitos de
direitos sociais, entre os quais se inclui o direito à educação, à
educação física e aos esportes.
Questão 1: Quais esportes você conhece na imagem abaixo?
Fonte da imagem: www.cpb.org.br/esportes/modalidades (acessado em 06/12/2010).
O Esporte
Adaptado surgiu
no início do século XX, de forma muito tímida. Na primeira década
do século, iniciaram-se as atividades competitivas para jovens
portadores de deficiências auditivas, especialmente em modalidades
coletivas.
Por volta de 1920, tiveram início às atividades para
jovens portadores de deficiência visual, especialmente a natação e
o atletismo.
Para
pessoas portadoras de deficiências físicas, o início do esporte
oficialmente se deu ao final da Segunda Guerra Mundial, quando os
soldados voltaram para os seus países de origem com vários tipos de
mutilações e outras deficiências físicas.
Em
1939, o neurocirurgião alemão Ludwig Guttman fugiu da Alemanha e se
instalou na Inglaterra. Cinco anos depois, começou a trabalhar na
Unidade de Lesões do Hospital de Stoke Mandeville, cuidando de
combatentes com lesão medular, que recém haviam retornado da
guerra. Guttman passou a usar o esporte como parte do processo de
reabilitação dos seus pacientes, incentivando-os à prática de
atividades competitivas.
Coincidentemente, os primeiros jogos de
Stoke Mandeville ocorreram no mesmo dia da abertura dos Jogos
Olímpicos de Londres, em 1948. O neurocirurgião considerou,
inclusive, que com esses jogos as pessoas deficientes estavam tendo o
seu equivalente aos Jogos Olímpicos.
A competição iniciada dentro
do ambiente hospitalar foi se perpetuando ao longo dos anos. Até que
em 1960, na Cidade de Roma, houve uma grande virada para a
internacionalização do esporte para pessoas com deficiência.
A 9ª
edição dos Jogos
Internacionais de Stoke Mandeville, realizada naquele ano, viria a
ser considerada como os primeiros Jogos Paralímpicos da história.
No
Brasil, o esporte adaptado surgiu em 1958 com a fundação de dois
clubes esportivos (um no Rio e outro em São Paulo). Nos últimos
cinco anos, o Esporte Adaptado brasileiro vem evoluindo, mas por
falta de informação e, principalmente, de condições específicas
para a sua prática, muitos portadores de deficiência ainda não têm
acesso a ele.
Quatro
anos depois, em 1964, na cidade de Tóquio, a imprensa batizou o
evento de Paralimpíadas. Somente em 1988, a competição foi nomeada
oficialmente como Jogos Paralímpicos. As edições seguiram e
passaram, cada vez mais, a incluir diferentes deficiências, dando
oportunidades a novos atletas.
A DIFERENÇA ENTRE ESPORTE ADAPTADO E ESPORTE PARALÍMPICO
O
esporte
para pessoas com deficiência (PcDs)
é um movimento recente. Não à toa, é comum nos depararmos com
dúvidas sobre as diferenças e semelhanças entre o esporte
adaptado, o paradesporto e o esporte paralímpico.
De
uma forma bem simples, podemos dizer que o esporte
adaptado se
refere a todas as modalidades praticadas por diferentes grupos, como
pessoas com deficiência, obesos, idosos, crianças, cardiopatas,
entre outros. Ou seja, as adaptações
esportivas
são feitas de acordo com a necessidade do praticante.
Esse
termo é normalmente associado às pessoas com deficiência, mas não
está restrito a elas. Lá no dicionário, adaptado
é “tudo aquilo que foi ajustado ou apropriado a algo ou alguém”,
e isso também vale para o esporte.
Independente
da nomenclatura utilizada, a atividade física desenvolve força,
coordenação, flexibilidade e tantas outras habilidades. A partir do
contato com a prática esportiva, por exemplo, os atletas podem criar
o desejo de atuar no esporte de alto rendimento. É aí que surgem o
paradesporto e o esporte paralímpico.
O PARADESPORTO
Paradesporto
são
todas as modalidades praticadas por Pessoas com Deficiência (PcD). Enquanto o esporte
paralímpico envolve
as mesmas modalidades, porém reconhecidas pelos órgãos reguladores
e presentes em competições oficiais.
Ou seja, dentre as modalidades
paradesportivas algumas são paralímpicas. Aqui no Brasil, 23
são
reconhecidas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. São elas:
Atletismo,
basquete em cadeira de rodas, bocha paralímpica, canoagem, ciclismo,
esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball,
halterofilismo, hipismo, judô, natação, parabadminton,
parataekwondo, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa,
tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo e
vôlei sentado.
Nas
modalidades esportivas de inverno, que também podem ser praticadas
por atletas com deficiências físicas e visuais: esqui cross
country, curling em cadeira de rodas, esqui alpino, biatlo, hóquei
no gelo e snowboard.
Ao falar de diversidade em nossas conversas, muitas vezes, nos referimos ao tema cor, gênero ou orientação sexual, deixando de lado as pessoas com deficiência. Ainda é um tabu e um estigma muito grande sobre as pessoas com deficiência mesmo sendo um grupo 1 bilhão de indivíduo no mundo, só no Brasil são 17 milhões de indivíduo, de acordo com o IBGE.
O termo deficiência carrega em si um estigma muito grande, sendo considerado um algo ruim, de incapacidade, imperfeito e/ou de doença, perante um sociedade pautada pela alta exigência pela competência, produtividade e a busca enlouquecida pelo corpo perfeito, será que existe o corpo perfeito?
Vamos entender um pouco sobre o termo:
PcD é o termo formalmente usado na legislação e mais aceito por pessoas com deficiência mais ativista.
P de pessoa: Passou a vir antes, valorizando o indivíduo para além da deficiência.D de deficiência: não é sinônimo de algo ruim ou doênça, tampouco é contrário de "eficiência" (que tem como antônimo de "ineficiência"). Deficiente deixa de ser usado, porque não é a única que define uma pessoa.
Portador de Necessidades Especiais (PNE) - ainda é usado em sinalizações e por diversas pessoas, no entanto, deixou de ser utilizado, pois as pessoas não estão portando ou carregando algo como se fosse um peso ou uma roupa que possam tirar. A "necessidade especial" também acaba excluindo ainda mais, considerando que a luta de pessoas com deficiência é por equidade.
12% dos brasileiros são PcD ou convivem com alguém que possui algum tipo de deficiência. (Fonte: Pesquisa Diversidade. Sintonia com a Sociedade, junho de 2021). Esse número traz a necessidade de refletir e discutir sobre o preconceito e a exclusão dessas pessoas nas atividades sociais, políticas, educacionais e esportivas, a partir, das palavras, perfeito, produtivo e bela, o que essas palavras significam?
Existe o mito do corpo perfeito, produtivo ou belo, sendo aquele que se encaixa no padrão da sociedade. Mas o que é padrão de corpo? Um corpo com deficiência não é visto como perfeito por não ser considerado produtivo, principalmente se levarmos em conta que ainda vivemos a lógica industrial e fabril.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA é necessária, importante e ajuda no debate e na mudança de comportamento. Alguns especialistas apontam para os benefícios de uma educação inclusiva para todas as crianças e adultos, com deficiência ou não. Empatia, alteridade, afeto e a capacidade de desenvolver outras habilidades são algumas das vantagens de se ter inclusão nas escolas desde a infância. Por outro lado, os desafios da educação no Brasil são muitos e básicos, impactando diretamente a possibilidade de inclusão de PcDs. Falta de recursos, de informação, de profissionais multidisciplinares capacitados e de participação dos pais são uma das muitas complexidades enfrentadas por essa busca de uma educação mais inclusiva.
ESPORTE vem na contramão da falta de oportunidade e de acesso das pessoas com deficiência, o esporte é ainda uma ferramenta de transformação social, tanto nas escolas quanto na formação de atletas profissionais. O treinamento de professores de educação física com um olhar especializado para PcDs também é muito importante para um trabalho de escolas e sociedade mais inclusivas.
Como por exemplo, tem o atleta profissional Daniel Dias, um fenômeno sem limites da natação paralímpico com 14 medalhas de ouro (27 no total) nos Jogos Olímpicos, é o 14º atleta mais medalhado da história deste evento multidesportivo e na 6ª posição entre os nadadores paralímpicos, segundo o Wikipédia (2022). Viu no esporte a possibilidade de crescer, se desenvolver como pessoa e alcançar o sonho de ser atleta, e ao mesmo tempo, lutar contra o preconceito e exclusão de pessoas com deficiência no esporte, deixando um legado para as novas gerações.
O olhar em divesiades para as pessoas com deficiência. Disponível em: <https://gente.globo.com/olhar-em-diversidades-pessoas-com-deficiencias/>
Qual a diferença entre esporte adaptado e esporte paralímpico? Disponível em: <https://acaoparatleta.com.br/qual-diferenca-esporte-adaptado-e-paralimpico/>. Acessado em 13 de abril de 2022.
DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira de. in: educação física e inclusão. Para ensinar Educação Física: possibilidades de intervenção na escola. Papirus Editora, Capítulo 17, 2014. p. 247 a 261.
Esportes Paraolímpicos. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28011>. Acessado em 13 de abril de 2022.
1º vídeo do Futebol de 5 – Dribles, passes e gols: tudo sem enxergar! Disponível no youtube: <https://www.youtube.com/watch?list=PLIznM60J0iewnK2pf4mlyAMVth_OO56F2&time_continue=7&v=rp4I-SUUHAU . Acesso em 9 de junho de 2018.
2º vídeo do Conheça a modalidade paraolímpica do goalball. Disponível no youtube: <https://youtu.be/UinvTFoRpP8?feature=shared>. Acessado em 9 de setembro de 2023.
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