terça-feira, 12 de março de 2019

MAIORIA DOS ADOLESCENTES SÃO SEDENTÁRIOS, UM TERÇO ESTÁ ACIMA DO PESO


Fernanda Bassette e Gabriela Cupani

Pelos critérios da OMS, menos da metade dos adolescentes brasileiros podem ser considerados ativos do ponto de vista físico. Quase 1/3 deles estão acima do peso. As causas apontadas para a inatividade vão do hábito de ficar em frente a TV, ao computador e celular, a falta de segurança para brincar na rua, a questão de gênero, baixa influência positiva em casa ou da mídia, desvalorização das práticas corporais na escola, entre outros.

O dado é de um estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS) que avaliou 4.325 adolescentes entre 12 a 15 anos. Só 48% praticam os 300 minutos de atividade física semanal recomendado pela OMS, cerca de 01 hora por dia. E os meninos são duas vezes mais ativos do que as meninas. Os resultados podem ser semelhante para outros países, em uma pesquisa feita pela OMS, em 34 países, mostra que só 24% dos meninos e 15% das meninas preenchem os critérios mínimos recomendados.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores brasileiros avaliam a prática de atividade física de lazer (como futebol, ciclismo, skate, etc) e atividade física de deslocamento e diária, que considera se o adolescente costuma ir à escola a pé ou de bicicleta ou subir escada ou limpar e varrer a casa, hábitos somados as práticas de atividade física, indica uma vida ativa ou não.

Segundo o educador físico, Samuel Dumith, autor do estudo, as aulas de educação física não foram consideradas porque elas não são feitas nem em quantidade nem em qualidade necessária para promover benefícios à saúde. “Os adolescentes não levam a educação físicas a sério e fazem os exercícios sem intensidade e regularidade indicada”.

A pesquisa mostra que 75% dos adolescentes fazem alguma atividade de lazer e que 73% deles caminham ou vão de bicicleta até a escola, o estudo provou que as duas ações juntas não alcançam o mínimo recomendado de exercício. Outros hábitos e estilo de vida também não são levados a sério ou não demonstram importância para o adolescente como atividade física, como subir e descer as escadas, passear com o cachorro, limpar a casa, lavar roupa, que manteria o corpo em movimento diário.

“Os adolescentes priorizam as atividades sedentárias, e isso é muito preocupante. Eles estão acima do peso e ficam, em média, quatro horas pro dia em frente a TV, ao videogame, ao computador, ao celular, enquanto se dedicam menos de um 01 hora por dia para os exercícios”, afirma Dumith.

Para Marlos Domingues, a falta de segurança explica parte dessa situação. Além disso, o nível de sedentarismo entre os pais também é alto, o que pode influenciar os hábitos dos adolescentes. “Já não se brinca na rua. A pessoa depende de alguém para levá – la às escolinhas de esportes”, diz Domingues, que é educador físico. Outras explicações podem estar relacionado ao tipo de exercício físico que é divulgado na nossa sociedade, por exemplo, o modelo competitivo, o culto ao corpo, a forma excludente e sexista, o baixo nível de conhecimento, como se quem não se adequar ao padrão social, não poderá praticar nenhum exercício físico, culpando o indivíduo e alimentando o sentido de fracasso.

Para ele, os resultados são “uma surpresa” porque, nessa faixa de idade, é difícil sofrer falta de tempo para justificar a pouca atividade. “A surpresa fica por conta da tragédia que esperamos daqui a alguns anos. Todos serão sedentários”, diz Timóteo Araújo, educador físico. Domingues concorda. “Os prejuízos à saúde só serão vistos mais tarde. A chance continuarem sedentários na idade adulta é altíssima”.

As surpresas não param por aí, os adolescentes sedentários representam um grupo de indivíduos potencialmente sedentários na vida adulta, o que os predispõem desde muito cedo às doenças crônicas não transmissíveis, como sedentarismo, obesidade, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. As práticas corporais ensinadas no ambiente escolar não estão contribuindo para a quebra do ciclo e estão intimamente relacionadas aos hábitos adquiridos pelos adolescentes, acompanhado com os problemas da modernidade e estilo de vida consumista, conforto e comodidade, que estão aparecendo cada vez mais cedo nas novas gerações.


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